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Chuvas podem indicar safra de ciclo alto

Se não tivéssemos tido chuvas, a situação seria calamitosa e o abastecimento mundial comprometido


Foto: Marcel Oliveira

Depois de acumularem alta expressiva nos últimos meses de 2019, os contratos de café na ICE Futures US, em Nova Iorque, em um movimento de realização de lucros, trabalharam em queda nesta semana e na semana passada. Desde o dia 30 de dezembro, segunda-feira, até o fechamento de hoje (10), os contratos com vencimento em março próximo na ICE perderam 1.355 pontos, depois de terem subido 3.610 pontos entre o dia 18 de outubro e 27 de dezembro último.

As boas chuvas que caíram sobre os cafezais brasileiros em dezembro e neste início de janeiro, e a divulgação das exportações recordes brasileiras em 2019, devem ter induzido parte dos operadores em Nova Iorque a optarem pela realização de lucros depois dessa alta rápida e forte nas cotações.

Os fundamentos continuam apontando para um quadro apertado entre produção e consumo. Em 2019, o Brasil bateu seu recorde histórico de volume exportado, uma boa notícia, mas os estoques em mãos de países consumidores não subiram significativamente. Esse quadro confirma que o consumo mundial continua crescendo e que deslocamos concorrentes, ganhando participação de mercado e ampliando nosso espaço no segmento de cafés especiais.

As boas chuvas que caíram em dezembro e agora em janeiro indicam que teremos de fato uma safra de ciclo alto. Se não tivéssemos tido essas chuvas, a situação seria calamitosa e o abastecimento mundial estaria severamente comprometido. Essas chuvas, no entanto, não recuperam as perdas que nossos cafezais tiveram com os problemas climáticos que enfrentaram ao longo do ano e, segundo agrônomos especializados na produção de café, não farão com que o Brasil tenha uma nova safra recorde, superando a de 2018.

Se somarmos nossas exportações em 2019 com nosso consumo interno, podemos trabalhar com a certeza que daqui para frente o Brasil precisará de safras médias ao redor de 62 milhões de sacas apenas para manter suas obrigações atuais. Além disso, é preciso lembrar que o consumo mundial continua crescendo entre 1,5 e 2% ao ano. 

Muitos operadores no mercado físico brasileiro estão se perguntando se temos no Brasil café suficiente para abastecer nossas exportações e o consumo interno nestes meses de entressafra. Os estoques ainda em mãos de cooperativas e produtores são baixos e nos próximos cinco meses (janeiro, fevereiro, março, abril e maio), os embarques e o café para o consumo interno brasileiro terão de ser supridos exclusivamente com o que ainda temos da safra atual. Mesmo para atender os embarques de junho e julho precisaremos em boa parte de cafés da safra atual.

No ano passado embarcamos em média, a cada mês, 3,35 milhões de sacas, e consumimos 1,75 milhões de sacas, portanto, necessitamos mensalmente de 5,1 milhões de sacas. Mesmo se adotarmos para esta análise uma queda forte, para 2,8 milhões de sacas mensais, nos embarques brasileiros nesta entressafra, precisaremos até o final de maio, entre exportação e consumo interno, de 22,75 milhões de sacas. E ainda necessitaremos de café da safra atual para atender boa parte de nossas exportações em junho e julho. O quadro é apertado e só não é alarmante devido às chuvas de dezembro e agora em janeiro. Em 2021 nossa safra será de ciclo baixo.

Com a ICE trabalhando em baixa, o mercado físico brasileiro permaneceu travado. O número de interessados na compra de café é grande, mas nas bases de preços que oferecem os produtores não mostram vontade em fechar negócios.

Até dia 9, os embarques de janeiro estavam em 424.456 sacas de café arábica, 1.513 sacas de café conilon, mais 25.454 sacas de café solúvel, totalizando 451.423 sacas embarcadas, contra 449.327 sacas no mesmo dia de dezembro. Até o mesmo dia 9, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em janeiro totalizavam 992.499 sacas, contra 1.310.317 sacas no mesmo dia do mês anterior.

 

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