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Clima chuvoso e boatos elevam cotação da soja na bolsa de Chicago


Os preços futuros da soja fecharam em alta ontem na bolsa de Chicago. Temores de quebra de produção devido ao excesso de chuvas nos Estados Unidos e notícias de que a China estaria comprando o grão americano foram determinantes para esta variação.

A alta só não foi maior por causa do boato de que o México cancelou a entrada de dois carregamentos do grão brasileiro por causa do fungo da ferrugem asiática. A assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que não houve notificação de cancelamento de embarques para o México. O país responde por 0,03% das exportações brasileiras, o equivalente a 60 mil toneladas.

Em Chicago a soja foi comercializada, para entrega em agosto, a 830 centavos de dólar por bushel (US$ 304 por tonelada), variação de 2,2% sobre o dia anterior. "A previsão de mais chuvas nos Estados Unidos deverá prejudicar a lavoura", diz Odinéia Santos, da Safras & Mercado. Segundo Renato Sayeg, da Tetras Corretora, 67% da área de soja já está plantada nos Estados Unidos e, com as chuvas, pode haver atraso no restante, assim como replantio.

O clima também deverá afetar o milho no Brasil. Deives Farias da Silva, da FNP Consultoria, diz que há previsão de geada para amanhã ou sexta-feira no Paraná, sul de Mato Grosso do Sul e Vale do Paranapanema (SP), região que responde por 60% da safrinha do grão. "Pelo menos metade da segunda safra de milho está sob risco da geada", afirma o analista.

Sayeg diz que outro fator determinante para a alta da soja ontem foi o boato de que a China estaria comprando nos Estados Unidos, justamente quando haverá menor oferta do grão naquele país, em substituição ao produto brasileiro que vem enfrentando problemas de sanidade.

Sanidade

No fim de abril, autoridades chinesas embargaram um carregamento brasileiro de soja em grão que continha, misturadas à carga, sementes de soja tratadas com agroquímicos. O carregamento havia partido do porto de Rio Grande (RS). A China é o principal destino para a soja brasileira. Em 2003, 6,1 milhões de toneladas do grão foram enviadas ao país asiático. Segundo Sérgio Mendes, secretário-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), algumas empresas estão considerando que o embargo chinês se deve ao fato de o grão ter sido comprado a preços altos.

Para solucionar o problema sanitário, o governo aumentou a fiscalização no porto de Rio Grande. A lentidão nos embarques fez com que tradings desviassem navios para outros portos. Outra medida foi anunciada diretamente da China, quando o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, concordou com a tolerância zero chinesa.

"Ninguém nunca reclamou da soja brasileira. Exigir tolerância zero para a contaminação é impossível", disse Mendes. Segundo ele, os Estados Unidos permitem até três sementes contaminadas por quilo. No Brasil a regra da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é de tolerância de 2%.

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