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Clima chuvoso no Meio-Oeste estadunidense começa a provocar especulações

Entrada do mês de abril passa a ser o ponto de maior atenção do mercado


O mercado, que sofre pouca influência das negociações comerciais entre EUA e China, já que este último não é importador de milho, se interessa cada vez mais com a tendência de plantio que será divulgada no dia 29/03 nos EUA. Já é do sentimento geral de que a tendência aponta para um aumento na área de milho e uma redução na área de soja. A questão é conhecer os percentuais destes movimentos. 

Dito isso, o clima chuvoso no Meio-Oeste estadunidense começa a provocar especulações de que o plantio do milho pode atrasar, fato que levaria a uma troca de sua área para a soja. Por enquanto, ainda é cedo para se firmar posição em torno deste tema.

Por sua vez, as vendas líquidas de milho por parte dos EUA, na semana encerrada em 7 de março, atingiram a 372.000 toneladas para o ano comercial 2018/19, e 474.600 toneladas para 2019/20. O mercado esperava um total nos dois anos entre 700.000 e 1,4 milhão de toneladas, o que se confirmou, embora no patamar mais baixo das expectativas.

Quanto ao acordo comercial sino-estadunidense, correm boatos de que sua finalização ocorreria somente entre fins de abril e o mês de junho. Isso acabou segurando as cotações dos grãos em Chicago, atingindo parcialmente o milho.

Neste contexto, a entrada do mês de abril passa a ser o ponto de maior atenção do mercado, na medida em que o plantio de milho nos EUA irá ganhar força e o clima será um elemento importante neste jogo.

A tonelada FOB na Argentina fechou a semana em US$ 163,00, enquanto no Paraguai a mesma registrou US$ 120,00 em termos médios.

No Brasil, os preços permaneceram relativamente estáveis, com a novidade sendo a pressão de baixa no mercado paulista, até então muito resistente a este movimento.

No mercado gaúcho, o balcão fechou a semana na média de R$ 32,25/saco, enquanto os lotes ficarem entre R$ 34,00 e R$ 36,50/saco. A pressão da colheita, com um volume melhor do que o inicialmente esperado no Rio Grande do Sul, começa a se fazer sentir sobre os preços locais. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 25,00/saco em Sorriso e Campo Novo do Parecis (MT) e R$ 39,00/saco em Itanhandu (MG), passando por R$ 37,00/saco nas principais praças de Santa Catarina.

A baixa nos preços de forma geral se dá pela entrada da safra de verão, mas igualmente pelo clima favorável ao desenvolvimento da safrinha no Centro-Sul brasileiro. Neste contexto, à pressão de venda procedente dos produtores do Paraná e do Mato Grosso do Sul no momento, fato que segura ainda mais os preços.

Com isso, o próprio mercado paulista já admite as baixas, com influência nas cotações do cereal na BM&F. Os vendedores, ao aceitarem o quadro baixista, entram na lógica de venda, ajudando a pressionar ainda mais os preços para baixo em São Paulo. Assim, o perfil do mercado mudou, e somente uma paralisação nas vendas por parte do Mato Grosso do Sul, Paraná e no interior de São Paulo para segurar a queda nos preços. No porto de Santos, já há níveis de preço entre R$ 37,00 e R$ 37,50/saco para julho e agosto. Para completar o quadro, a safrinha poderá ser muito elevada e ainda há poucos negócios realizados na exportação. (cf. Safras & Mercado)

Já se começa a cogitar preços, no interior paulista, para o auge da safrinha, ao redor de R$ 27,00 a R$ 28,00/saco, ou seja, praticamente 10 reais abaixo dos atuais valores. Assim, aquilo que parecia difícil pode se cristalizar na prática nos próximos meses. Neste contexto, muita coisa ficará dependente de nossa capacidade de exportação no segundo semestre, a qual dependerá muito do comportamento do câmbio no Brasil.

Diante disso, o referencial CIF Campinas já recuou de R$ 44,00 no início de março para R$ 39,00/saco neste final da terceira semana do mês, não havendo muita expectativa de reação dos preços no curto prazo. (cf. Safras & Mercado)

Em síntese, o comportamento do mercado mudou para baixista nesta segunda quinzena de março, com os consumidores apresentando bons estoques ao mesmo tempo em que a safra de verão avançando em sua colheita.

Neste sentido, o Centro-Sul, até o dia 15/03, havia colhido 48% de sua área de milho de verão, sendo que o Rio Grande do Sul acusava 74% da área colhida e São Paulo 73%. Já o plantio da safrinha está praticamente concluído, tendo chegado a 99% da área esperada em meados de março.
 

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