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Clima favorável e preços em alta estimulam mecanização

Expectativa é de que as vendas no segundo semestre sejam ainda mais fortes


Depois de um primeiro trimestre mais lento, reflexo dos negócios fracos firmados no ano passado, as vendas de máquinas e implementos agrícolas devem ganhar impulso a partir de agora. Com um clima favorável para a safra e preços das commodities em alta, montadoras apostam que 2018 será o ano de recuperação deste mercado.

Um dos principais termômetro de vendas do segmento, a Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), encerrada na última sexta-feira (04) em Ribeirão Preto (SP), registrou alta de 22,7% dos negócios frente à última edição, para R$ 2,7 bilhões. Desde o primeiro dia, expositores comemoravam resultados acima do esperado. “Temos uma combinação difícil de acontecer: safra grande com preço bom”, disse o presidente da John Deere, Paulo Herrmann. “Isso certamente vai aumentar a capacidade de investimento dos produtores.”

Gilberto Maraschin, proprietário da Fazenda Ouro Verde, de Paragominas, no Pará, por exemplo, investiu R$ 2,2 milhões em dois tratores e dois conjuntos de plantadeiras da Massey Fergusson. “Já venho pesquisando preços há um bom tempo, mas já sabia qual máquina queria. Estamos investindo para poder acelerar o plantio e entrar no milho safrinha.” Ele produz 180 mil sacas de soja e 150 mil de milho, em uma área de cinco mil hectares. Maraschin negocia a produção com tradings.

A expectativa é de que as vendas no segundo semestre sejam ainda mais fortes, devido à expectativa de redução da taxa do Moderfrota no novo Plano Safra, avalia o diretor de mercado Brasil da New Holland, do grupo CNH Industrial, Alexandre Blasi. “Quanto mais o governo reduzir a tarifa, mais o produtor estará disposto a renovar as máquinas. Sem dúvida este é o ano da retomada dos negócios”, pontua.

Se a queda de juros deve estimular os negócios, a valorização do dólar pode aumentar os preços dos produtos, uma vez que alguns componentes de máquinas e implementos agrícolas são importados.

“Pode ser que algum item tenha um impacto momentâneo nos preços. Se o dólar sobe, o impacto será sobre os 40% de peças importadas permitidas em equipamentos financiados por meio do Finame [do BNDES]”, observa o vice-presidente de vendas América Latina da fabricante AGCO, Werner Santos.

Ele ressalta que a tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre o aço preocupa o setor. “Se eventualmente houver um aumento do insumo, afetará a todos os fabricantes, mas não acredito que terá impacto nas vendas”, opina.

Conjuntura
Blasi, da New Holland, aposta em um aumento de 5% a 10% das vendas de máquinas e implementos no mercado interno para este ano, expectativa semelhante à de Herrmann, da John Deere, que espera crescimento de 8% a 10% no mercado interno. Em 2017, as vendas somaram 42,3 mil unidades no País, incluindo tratores, colheitadeiras e retroescavadeiras.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também aposta em um ano de crescimento e deve revisar as perspectivas de negócios em 2018. Hoje a entidade divulgará dados referentes ao mês de abril.

“A projeção que nós fizemos é bastante conservadora – de crescimento de 3,7% – e os números estão apontando para um avanço ainda maior, que deve chegar à casa dos dois dígitos”, disse o presidente da Anfavea, Antonio Megale.

Ele afirma que o número deve ser ajustado “para uma visão mais próxima da realidade” nos próximos dois meses. “Acho que vamos ter uma safra recorde em termos de valor e o produtor naturalmente busca oportunidades para ampliar a produtividade.”

Para o diretor comercial da LS Tractor, André Rorato, as vendas de máquinas devem avançar 15% no ano. “Tirando o fator eleição, que pode causar incertezas ao investimento, não há nada que nos faça acreditar que não haverá crescimento em 2018”, diz. A marca atua no segmento de tratores e plantadeiras de até 100 cavalos de potência e anunciou na Agrishow que ampliará a linha para até 130 cavalos.

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