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Clima faz soja e milho desabarem em Chicago

Desde segunda-feira, os preços dos dois grãos desabaram e já acumulam retração de, respectivamente, 14% e 4%


O clima favorável ao desenvolvimento das lavouras no Meio-Oeste dos Estados Unidos motivou ontem a quarta queda consecutiva das cotações da soja e do milho na Bolsa de Chicago (CBOT). Depois de cair quase 50 pontos no pregão de ontem, o primeiro vencimento da oleaginosa (jul/09) encerrou os negócios do dia valendo US$ 10,86 o bushel (27,2 quilos), ou US$ 26,14 a saca de 60 quilos. É a menor cotação de fechamento desde o dia 05 de janeiro. Já o contrato julho/09 do cereal, com queda de quase 4 pontos no dia, recuou para o menor patamar do ano, a US$ 3,39 o bushel (25,4 quilos), o equivalente a US$ 9,13 por saca.

Desde segunda-feira, os preços dos dois grãos desabaram e já acumulam retração de, respectivamente, 14% e 4%. A trajetória de queda começou na semana passada, depois que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) divulgou, no último dia 30, um relatório que prevê incremento do plantio de milho e área recorde de soja no país na temporada 2009/10. A partir daí, as cotações do milho, que haviam levado um tombo de 8% após o anúncio do documento, reduziu o ritmo de queda. A soja, que não havia ganhado terreno após o relatório do USDA (+3%), agora trilha o caminho inverso e perde valor. Desde o início de julho, os preços do cereal caíram 3%, equanto os da oleaginosa registram retração de 11%.

A desvalorização é resultado de um movimento de correção técnica, defende a analista da consultoria AgRural Daniele Siqueira. Os preços haviam subidos demais nos últimos tempos e por isso os fundos começaram a liquidar posições, explica. “O clima quase ideal nos EUA foi a desculpa que o mercado usou para corrigir altas exageradas”, considera.

Levantamento elaborado pela AgRural com base em dados do CFTC (Comitê Agrícola da Comissão de Comércio de Commodities e Futuros, na sigla em inglês) mostra que, depois de atingir recorde de posição comprada no mês passado, os fundos de investimento estão se desfazendo rapidamente de seus papéis. Na soja, diminuíram em 6% sua posição comparada, num total de 28,6 milhões de toneladas até o início da semana passada. No milho, liquidaram 19% de seus contratos, com 43,4 milhões de toneladas.

“Me parece que hoje o interesse especulativo é muito maior que o interersse comercial nos mercados de soja e milho”, concorda o analista Alvaro Ancêde, um brasileiro que está à frente do The Layfa Group, uma corretora americana que opera na CBOT. Na sua avaliação, a atuação dos fundos de investimento amplificou o movimentos de baixa da cotações, mas teve como pano de fundo motivos fundamentais.

O plantio da safra norte-americana 2009/10 foi praticamente concluido em junho. Segundo o USDA, foram cultivados 31,3 milhões de hectares com soja e 35,2 milhões de hectares com milho. Essas áreas são 2,3% e 1,2% superiores às semeadas na temporada anterior.

Mercado interno

No Brasil, os preços da soja e do milho acompanharam o tom negativo do mercado internacional, mas a queda foi mais modesta. No Paraná, o preço médio da oleaginosa recuou 2,86% ontem e o do cereal caiu 1,10%. Conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agriculrura e do Abastecimento (Seab), os produtores paranaenses receberam em média R$ 44,22 pela saca de soja e R$ 16,25 pela saca de milho.

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