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Clima faz terceira safra de feijão cair 15%

A colheita avança por todo país e, vai se confirmando a expectativa de redução


Foto: Marcel Oliveira

Segundo o último levantamento da Safra de Grãos realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) as atenções estão voltadas para a terceira safra de feijão, que deve somar uma redução na casa de 14,7% em relação à safra passada. O decréscimo de área plantada em 4,8% (de 588 mil hectares para 560) e as adversidades climáticas em diversas regiões geraram uma produtividade média abaixo do esperado de 1.3 kg/ha, queda acima de 10%, devendo totalizar uma produção de 744,3 mil toneladas. 

A maioria das lavouras está nas fases de maturação e efetiva colheita. Assim como no período anterior, as condições climáticas não foram tão favoráveis em algumas das principais regiões produtoras, especialmente no quesito das precipitações abaixo do esperado e ocorrência de geadas. No país 13 estados plantam a terceira safra do grão, com destaque para Minas Gerais que espera colher 176 mil toneladas, baixa de 5,6%.

Em Pernambuco, a destinação de área para o plantio do feijão-comum cores terceira safra foi de 76,8 mil hectares. Esse cultivo se concentrou na região do Agreste e vem apresentando condições satisfatórias. As lavouras de plantio mais cedo sofreram com certa restrição hídrica em razão das chuvas abaixo do esperado, no entanto, as lavouras mais tardias puderam se desenvolver em um cenário mais favorável, com o registro de chuvas em níveis normais e com distribuição mais regular. No geral, a estimativa de produção é 59,9 mil toneladas, visto que cerca de 80% da área total já foi colhida até o fim de agosto. 

Na Bahia, esse período é de grande relevância para a produção de feijão-comum cores. Na temporada atual, por exemplo, foram semeados cerca de 161,5 mil hectares com a cultura, representando a maior destinação de área entre todos os estados durante a terceira safra de feijão. A cultura se concentra, majoritariamente, na região nordeste do estado, e as lavouras atualmente estão em fase de colheita (cerca de 60% da área já colhida até o fim de agosto). A má distribuição das chuvas causou perdas nas lavouras cultivadas, visto que as plantas avançam para a fase de florescimento, tendo pouco desenvolvimento vegetativo (as lavouras não conseguiram cobrir o solo). Nesse cenário, a expectativa é de redução na produtividade média em comparação a 2019/20, que, atrelada à diminuição na área plantada, deverá redundar em uma produção bem inferior àquela verificada no ano passado (estimativa atual é de produção na ordem de 84 mil toneladas, representando decréscimo de 59,1%).

 Em Mato Grosso já há colheita em andamento, com registros de bons rendimentos e qualidade satisfatória dos grãos obtidos. A perspectiva é que, com o aumento de área semeada em comparação a 2019/20, o volume total colhido seja superior à temporada passada, chegando a 162,3 mil toneladas produzidas (incremento de 26%). 

Em Goiás, a colheita está em fase final nos 48,4 mil hectares semeados com a cultura nesta safra. O produto obtido tem sido de boa qualidade, com rendimentos satisfatórios. Nas lavouras mais tardias, localizadas principalmente em Cristalina e no oeste goiano (Jussara, Britânia e Santa Fé), a previsão é que as operações de sega se estendam até setembro. A redução na área plantada deve impactar o resultado final esperado, que está estimado em 145,2 mil toneladas.

 Em Mato Grosso do Sul, a cultura foi duramente castigada pelas geadas. A primeira ocorrência do fenômeno foi no fim de junho e trouxe danos significativos à várias lavouras do estado. Depois, ao final de julho, nova incidência da intempérie em proporções também relevantes, fazendo com que muitas áreas que estavam em recuperação fossem destruídas. Em consequência disso, quase metade da área semeada deixou de ser colhida, impactando no resultado final da safra. Além dos efeitos quantitativos, as geadas ocorreram no início do enchimento de grãos, ocasionando a perda de toda a área foliar das plantas. Dessa forma, os grãos não se desenvolveram, e gerou o tipo que é chamado de “chumbinho” pelos operadores comerciais desse mercado, o qual não apresenta valor para venda. Assim, o resultado final foi desanimador, alcançando uma produção de 1,1 mil toneladas, sendo 21,4% menor que o volume colhido em 2019/20. 

Na Região Sudeste, Minas Gerais e São Paulo destinaram área para o plantio de feijão-comum cores nessa terceira safra. Ao todo, foram 84,3 mil hectares distribuídos entre os dois estados, porém com concentração bem maior no primeiro. Assim, a estimativa aponta para 69,1 mil hectares semeados com a cultura em território mineiro, com previsão de produção de 175,9 mil toneladas. Já em São Paulo, foram semeados 15,2 mil hectares, visto que tal cultivo é manejado em condição irrigada e apresenta, tradicionalmente, bons desempenhos quantitativos e qualitativos, especialmente por lançar mão de um manejo intenso no controle da mosca-branca, que é a praga-chave para a cultura, além de ser vetor de doença importante (vírus do mosaico dourado). A colheita está recém concluída, alcançando cerca de 31,9 mil toneladas (resultado menor que em 2019/20 em razão da escassez hídrica, que também impactou lavouras irrigadas). 

Na Região Sul, o único estado produtor nesse período é o Paraná, com uma pequena porção de área destinada a tal cultivo. Nesse ciclo foram 1,1 mil hectares semeados, com uma expectativa de produção na ordem de 300 toneladas. Tal estimativa considera perdas importantes de rendimento e até redução na área plantada em comparação aos números observados em 2019/20. As intempéries climáticas como estiagem e geadas registradas durante o ciclo têm peso importante nessa projeção. 

A representação do feijão-comum preto na terceira safra é reduzida, com pequenas áreas plantadas em Minas Gerais (cerca de 200 hectares), Distrito Federal (cerca de 200 hectares), além de uma maior concentração em Pernambuco, que alcançou 16,2 mil hectares semeados (mais especificamente na região do Agreste pernambucano). A colheita está em andamento e deve atingir cerca de 12 mil toneladas.

 A terceira safra de feijão-caupi se concentra nas Regiões Norte e Nordeste, com maior destaque para o Pará, Pernambuco e Bahia. As lavouras já se encontram em fases reprodutivas e até mesmo em colheita, com projeção de obtenção de aproximadamente 35,3 mil toneladas.

Na safra 2020/21 a previsão total para o feijão, somando as três safras, teve área total de 2.9 milhões de hectares (-0,1%), produtividade média de 977 kg/ha (-11,5%) e produção total de 2.8 milhões de toneladas (-11,4%). Pelo ciclo curto o Brasil consegue três safras em um ano, intercalando com outros grãos. Dessa forma, tem-se o feijão de primeira safra semeado entre agosto e dezembro, o de segunda safra, entre janeiro e abril e o de terceira safra, de maio a julho.

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