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Clima provoca recordes nos preços dos grãos

Os baixos níveis dos estoques mundiais e o temor de uma safra complicada na América Latina têm contribuído para sucessivos recordes de preços


Os baixos níveis dos estoques mundiais e o temor de uma safra complicada na América Latina, devido à instabilidade climática, têm contribuído para sucessivos recordes de preços das principais commodities agrícolas nas últimas semanas, principalmente a soja e o milho. A informação é do economista Pedro Arantes, analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Goiás (Faeg). Segundo ele, a acomodação do mercado só ocorrerá nos próximos dias, se o período chuvoso tiver início imediatamente, criando condições para o plantio da safra de verão e reduzindo o comprometimento da safrinha (safra de inverno).

Conforme Pedro Arantes, no caso da soja, os preços no mercado futuro vêm ultrapassando os US$ 19,00 a saca nos últimos dias (cerca de R$ 36,00), o que representa um recorde para o período de colheita, mesmo com o câmbio em baixa.

Histórico:

“Nos últimos dez anos, o preço histórico da soja no período de abril a maio ficou entre R$ 32,00 e R$ 33,00”, diz o técnico da Faeg, para quem os valores atuais são um alento para o produtor, embora reconheça que os problemas de renda do setor não se resolvem com a boa comercialização de apenas uma safra.

Segundo Pedro Arantes, no plano mundial, os preços da soja estão especialmente pressionados pela queda dos estoques dos Estados Unidos, que da média histórica de aproximadamente 9 milhões de toneladas caíram para 5 milhões ou 6 milhões de toneladas. “A isso se soma a percepção do mercado internacional de que vai se desenhando na América Latina uma safra de alto risco, devido às complicações climáticas decorrentes do fenômeno meteorológico conhecido com La Niña”, explica o analista de mercado da Faeg.

Igualmente pressionados pelas incertezas da safra, principalmente da safrinha, os preços do milho também sofrem pressões de circunstâncias do mercado internacional. Segundo Pedro Arantes, a Europa, que historicamente produzia ao redor de 61 milhões de toneladas de milho ao ano, nas duas últimas safras produziu, respectivamente, 55 milhões e 42 milhões de toneladas. Com isso, os países europeus abriram espaço para importação de aproximadamente 10 milhões de toneladas do produto.

Cotações:

Conforme o técnico da Faeg, essa aquisição européia de milho foi dirigida preferencialmente ao Brasil, já que aquele mercado rejeita o produto transgênico e a produção brasileira ainda é essencialmente convencional. “Isso explica porque os europeus se dispuseram a pagar até US$ 250,00 pela tonelada do milho brasileiro, quando a média na Bolsa de Chicago era de apenas US$ 140,00 a toneladas”, diz o analista de mercado da Faeg.

Pedro Arantes diz que para se ter uma idéia dessa evolução dos preços do milho no mercado internacional, basta lembrar que a média histórica na Bolsa de Chicago era de US$ 100,00 a US$ 105,00 a toneladas, subindo para US$ 140 em função da grande demanda do mercado dos Estados Unidos pelo produto, devido à produção de etanol. “Apesar desse substancial aumento das cotações do produto na Bolsa de Chicago, o mercado europeu ainda elevou em quase 80% os preços pagos pelo milho brasileiro”, diz o técnico da Faeg.

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