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CNA aposta em Moçambique como grande produdor de alimentos

Técnicos brasileiros foram ao país conhecer oportunidades no setor agroindustrial


Para a presidenta da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu, Moçambique tem condições de ser um dos grandes fornecedores de alimentos da África. “A pesquisa agropecuária foi o instrumento mais poderoso que fez do Brasil a potência que é hoje. E isso o Brasil esta abrindo mão e cedendo à África”, disse ela, que também é senadora pelo DEM de Tocantins. A comitiva de técnicos brasileiros veio ao país conhecer oportunidades no setor agroindustrial e trocar experiências.

Mas ela alertou que "não há como ser eficiente sem trabalhadores treinados ou sem logística, que esta sendo construída". Quanto ao treinamento, o Brasil também vai colaborar. “Fomos convidados pela ABC [Agência Brasileira de Cooperação] para uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que é o nosso braço de qualificação profissional. Nós já recebemos no Brasil produtores e técnicos angolanos e, agora, estamos retornando para treiná-los. Aqui [em Moçambique] é a mesma coisa”, disse a senadora.

Outro ponto fundamental do processo é o financiamento, seja por microcrédito ou com a ajuda dos instrumentos internacionais de fomento dos países desenvolvidos.

Além de ter um encontro com o ministro da Agricultura moçambicano, José Pacheco, a comitiva esteve nas instalações da mineradora brasileira Vale, na província de Tete, e conheceu projetos sociais na região. Também fez visitas técnicas a empreendimentos agropecuários, para identificar novas áreas com potencial para futuros investimentos. “Estamos vendo toda a região como um polo de produção, um celeiro, não só para Moçambique como também para vários países da África”.

Metade do território do país tem condições de ser cultivado. Mas 80% dos produtores praticam a agricultura de subsistência. Hoje em dia, boa parte do alimento em Moçambique é importado, principalmente da África do Sul.

O primeiro passo, disse Kátia Abreu, é fortalecer o mercado interno. “O Brasil produz 80% para abastecer o mercado interno e apenas 20% é exportado. Mesmo assim, o país lidera a tabela mundial de exportadores de soja e carne bovina, por exemplo. Moçambique tem localização muito especial, não só em relação ao mercado africano, mas também ao Oriente Médio, além de China e Japão para direita e Brasil e América Latina para a esquerda”.

Na volta a Maputo, o grupo teve contato com o Programa de Desenvolvimento da Agricultura das Savanas Tropicais de Moçambique (ProSavana), uma parceria que envolve a Agência de Cooperação Internacional do Japão. O governo japonês desenvolveu um projeto semelhante no Brasil, o Pro-Cerrado.

A infraestrutura do ProSavana deve estar pronta nos próximos 2 a 5 anos. Mas Katia Abreu fez um alerta. “Já observamos muitos plantios de madeira. O mundo precisa de papel e celulose, mas aquelas áreas não podem ser ocupadas totalmente por madeira”.

Também nesta semana, outra comitiva brasileira, de 25 empresários de diversos setores, esteve prospectando oportunidades em Moçambique. Na segunda-feira (15-11), o grupo ouviu do ministro dos Transportes e Energia, Paulo Zucula, quais são os locais do país que mais precisam de investimentos. Também conheceu a estrutura legal e tributária voltada aos investimentos estrangeiros. Os principais focos dos investidores são mineração, energia, agroindústria e serviços.

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