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CNA apresenta propostas para salvar o mercado de suínos no Brasil

Os suinocultores protestarão contra a crise que ameaça atingir mais de um milhão de brasileiros que trabalham no setor


A suinocultura brasileira está em crise. O setor contabiliza, só neste ano, um prejuízo de pelo menos R$ 4 bilhões aos mais de 50 mil produtores. Atualmente, o quilo do lombo nos supermercados custa, por exemplo, R$ 17,99 e o da bisteca R$ 16,95 enquanto o animal é vendido num valor médio entre R$ 1,90 e R$ 2,05. O assunto foi discutido, nesta quarta-feira (11/07), na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) por associações e cooperativas de suinocultores de todo o País. Como resultado da reunião, algumas propostas serão levadas, ainda hoje, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).


“O problema é sério. É nesse momento que temos que reagir, pois tudo tem um lado positivo e negativo. A sociedade precisa tomar conhecimento dessa crise, até porque a agricultura é que está salvando o País e vem conduzindo a economia brasileira”, afirmou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (FAPE-DF), Renato Simplício.

Uma das medidas propostas pela CNA para enfrentar o quadro de dificuldades do setor é a prorrogação automática de uma nova linha de crédito ao suinocultor, que deixaria de ser analisada caso por caso, a cada novo pedido, até o dia 31/12, como é feito atualmente. “É preciso mais tempo para o produtor se recuperar no mercado. Até o último dia do ano, o período é curto”, disse o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador.

Outras propostas a serem discutidas com o Ministério da Agricultura são o aumento dos limites de crédito extra ao suinocultor de R$ 268 mil para R$ 500 mil, por matriz; a inclusão da carne suína na Política de Garantia de Preços Mínimos do Governo Federal (PGPM) e a implantação do produto no PEPRO (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) e no PROP (Contrato Privado de Opção de Venda). Segundo a superintendente técnica da CNA, Rosemeire Cristina dos Santos, o PEPRO foi utilizado com sucesso na crise da soja, em 2006. Ela explica que, no PEPRO, o escoamento do produto passa direto ao produtor; enquanto no PROP, a indústria é o primeiro passo do caminho. Também foi proposta a implantação do PROP em frigoríficos, pois o produtor não tem condições de armazenagem. Será solicitada, ainda, a ampliação da Linha Especial de Crédito (LEC) como forma de driblar a crise.

Estudo apresentado pelo presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, mostrou as estatísticas da crise. Segundo os dados, houve uma queda de 40% do preço pago ao produtor pelo animal vivo, em São Paulo, Estado considerado termômetro no mercado de suínos, onde o quilo passou de R$ 2,70 para R$ 1,90. Além disso, o aumento do preço nos grãos, usados na alimentação dos animais, elevou o custo de produção da atividade. A tonelada do farelo aumentou de R$ 625,20, em 2010, para os atuais R$ 1.300,00. E, segundo especialistas, são necessários, no mínimo, oito quilos de milho para cada quilo de suíno vendido.

“Vivemos um período extremamente crítico da suinocultura no País. Os produtores não estão conseguindo sobreviver”, disse Lopes. A crise é geral em todos os Estados do Brasil, mas a produção no sul do País é uma das mais afetadas atualmente. Considerada a maior, responsável por 27% dos abates nacionais, a produção na região sul do País é de nove milhões de cabeças e 420 mil matrizes alojadas (suínos fêmeas). O prejuízo estimado, nos últimos 18 meses, chega a R$ 453,6 milhões.


“O sul é grande exportador, mas a Rússia e a Argentina pararam de comprar do Brasil. Então, a crise começou por aí”, disse José Júnior, da Cooperativa dos Suinocultores de Sergipe (Coopergipe). Ele explica que o que resta da produção do Rio Grande do Sul vai para Sergipe. Os alimentos embutidos, por exemplo, procedentes da carne suína e consumidos na região Nordeste, são todos originários de lá. “Não exportamos, mas a crise chegou até nós”, exemplificou.

Mobilização em Brasília - A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), com o apoio da CNA, realiza ato público na Esplanada dos Ministérios, nesta quinta-feira (12/07), em Brasília. Os suinocultores protestarão contra a crise que ameaça atingir mais de um milhão de brasileiros que trabalham no setor.

A programação começará com audiência pública, às 8h30min, no auditório Petrônio Portela, no Senado, convocada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, quando representantes das associações estaduais, suinocultores, indústrias, representantes dos ministérios da Agricultura, da Fazenda e da sociedade reivindicarão políticas públicas que atendam e solucionem os problemas enfrentados pelos suinocultores brasileiros.

Após a audiência, os suinocultores sairão do Congresso em caminhada pela Esplanada dos Ministérios, em direção ao MAPA, onde farão um churrasco de carne suína em frente ao prédio do Ministério, enquanto aguardam serem recebidos pelo ministro Mendes Ribeiro Filho, a quem pretendem entregar as reivindicações do setor.

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