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CNA pede financiamento para a pecuária de leite


A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) está reivindicando, junto ao governo federal, financiamento de R$ 400 milhões para a retenção de matrizes leiteiras, de modo a aumentar a oferta do produto. A entidade também quer apoio técnico para ampliar a produção de leite nas áreas atendidas pelo programa Fome Zero. Caso as medidas sejam adotadas, a CNA calcula que a produção de leite poderá aumentar até 15% em todo o País. Este ano o País deve produzir 21,3 bilhões de litros.

O setor produtivo espera que, no próximo Plano Safra, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento mantenha linhas de apoio ao setor, como o Programa de Incentivo à Mecanização, ao Resfriamento e ao Transporte Granelizado da Produção de Leite (Proleite), e crie também um programa de retenção de matrizes, com a oferta de crédito de R$ 400 milhões. A proposta da CNA é que cada pecuarista tenha direito a R$ 80 mil, a juros de 8,75% ao ano.

Segundo Rodrigo Alvim, presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA, a intenção é, com isso, reverter o quadro de queda da produtividade do setor, estimado entre 14% e 28% para os próximos anos, por causa da mistura de gado de corte ao plantel leiteiro. Alvim explica que, no ano passado, devido aos baixos preços do leite e ao alto custo de produção, muitos pecuaristas introduziram gado nelore no rebanho, reduzindo a produtividade.

"Se 100% das propriedades tivessem introduzido gado de corte, o prejuízo seria de R$ 500 milhões com o decréscimo de produtividade", avalia Duarte Vilela, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite. Segundo Alvim, se não for tomada uma medida urgente de estímulo à produção, o Brasil vai precisar de 5 a 20 anos para reverter a situação de mistura nos plantéis.

Hoje, o setor leiteiro já conta com o Empréstimo do Governo Federal (EGF), concedido para a estocagem de leite. Neste ano, o EGF foi anunciado tardiamente e, por isso, ainda não teve efeito no mercado, uma vez que não há excedente de produção para ser estocado. Com estímulo, diz, a produção pode aumentar rapidamente de 10% a 15%.

A CNA ainda propôs ao governo que seja implantado um programa de capacitação profissional para os pequenos produtores das regiões atendidas pelo Fome Zero, de modo a aumentar a renda e a oferta do produto. A idéia é que, junto com o treinamento, os pecuaristas tenham acesso a crédito extra do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). De acordo com cálculos da CNA, se 1,5 milhão de pessoas fossem atendidas pelo Fome Zero, haveria um aumento na produção de 800 milhões de litros. As propostas da CNA baseiam-se em um estudo realizado em parceira com a Embrapa, que levantou o custo de produção do leite em várias regiões do País.

A pesquisa mostra que os custos de produção do leite podem variar muito de acordo com o sistema de produção e a região. Na Bahia, por exemplo, a diferença entre o custo de produção de uma fazenda mecanizada para uma menos tecnificada pode chegar a 43,72%. O levantamento mostra ainda que, em regiões onde a produtividade é inferior a 1 mil litros por animal por ano, o preço de venda é inferior ao custo de produção. O produtor só tem lucro quando a produtividade supera 4 mil litros por animal por ano.

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