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Coinbra fica mais longe da Chapecó


Dificuldade na renegociação de dívidas é apontada como entrave para efetivação da compra. O negócio entre o frigorífico catarinense Chapecó Alimentos, pertencente ao Grupo Macri, da Argentina, e a Coinbra, do grupo francês Louis Dreyfus, está cada vez mais difícil de sair do papel. A companhia francesa não tem mais a exclusividade em adquirir a empresa em razão da não renovação da oferta de compra, que venceu no dia 24 de outubro. Embora as partes não confirmem o rompimento dos negócios, representantes do mercado já dão como certo o encerramento das conversações.

Situação complicada

"Acabou a exclusividade mas ainda temos interesse no setor e na Chapecó", disse Adrian Isman, diretor da Coinbra. No entanto, continua o executivo, a situação está complicada porque a falta de acordo com os credores e os fornecedores dificulta "e torna praticamente inviável" a aquisição.

Segundo Isman, embora apenas 5% dos credores ainda não tenham concordado com a renegociação das dívidas, o montante é muito alto porque a dívida total da Chapecó é de R$ 1 bilhão. "Ou seja, 5% deste valor ainda é muito dinheiro."

Para a Chapecó, a questão ainda não está encerrada, embora a situação seja frustrante pelo fato de a Coinbra não ter mais a exclusividade. Celso Mario Schmitz, diretor-presidente da Chapecó, disse que "oficialmente não recebemos o rompimento" total dos negócios. "A Coinbra seria a melhor opção para a empresa", afirma.

Agora, continua Schmitz, o frigorífico catarinense está retomando conversações com outras empresas que estariam interessadas na compra da Chapecó e posterior venda de unidades industriais distintas para várias empresas. "Já estamos retomando contatos com outros empresários", diz.

O presidente da Chapecó informa que o maior problema da empresa é a consequência social, sobretudo no município de Xaxim (SC), onde praticamente 75% da economia local depende exclusivamente da Chapecó.

As dívidas totais ultrapassam R$ 1 bilhão. A oferta de compra da Coinbra prevê a liberação de R$ 175 milhões, o que significa que os credores precisariam concordar em receber parte do montante. Entre as instituições financeiras, os maiores problemas são com dois fundos de pensão, Aerus e Serpros, além do Banco Nacional (em processo de liquidação) e o governo do Paraná, por conta de créditos do antigo Banco do Estado do Paraná. Estes quatro casos, segundo Schmitz, representam apenas 5% do total das dívidas com as instituições financeiras. "Resolvemos 95% dos débitos", afirma.

No caso do Aerus, o mais complicado, a dívida total é de R$ 16,4 milhões e a Chapecó poderia arcar com apenas R$ 525 mil. O fundo de pensão dos funcionários da Varig e Transbrasil, segundo o presidente da Chapecó, prefere no entanto não receber nada e lançar como prejuízo por conta de uma eventual falência do que fazer o acordo e "explicar a entrada de apenas 3,2% do valor", diz.

Fundos de pensão

No caso do Serpros, o fundo de pensão de funcionários do Serviço de Processamento de Dados Federal, Schmitiz informa que há possibilidades de negociação, embora ainda haja discussões. O débito é de R$ 21,8 milhões e eles receberiam R$ 698 mil. No caso do governo paranaense, a dívida é de R$ 2,4 milhões e o pagamento seria de R$ 77 mil e do Banco Nacional, o valor recebido seria de R$ 33 mil de uma dívida de R$ 1,1 milhão. "O liquidante não está querendo aceitar tal volume." A Chapecó tem cinco indústrias, em Xaxim, Chapecó (SC), Cascavel (PR), Santa Rosa (RS) e Amparo (SP).

kicker: Passivo total do frigorífico, do Grupo Macri, é estimado em pouco mais de R$ 1 bilhão

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