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Com seca e ferrugem, MT amplia a colheita

Estado atravessa ano de La Niña sem muitos arranhões


Estado expandiu lavouras em 6%, no Vale do Araguaia e na Região Norte, e investiu alto em tecnologia. Agora, atravessa ano de La Niña sem muitos arranhões

No plantio, a seca desidratou lavouras do Sul mato-grossense. Agora na colheita, chuvas diárias abrem caminho à proliferação da ferrugem asiática nos campos do Norte. Mesmo assim, Mato Gros­so espera bater o recorde de produção do ano passado nesta safra de soja. A produtividade pode não ser maior que os 3.190 quilos por hectare alcançados em 2010/11, mas a colheita deve superar com folga os 20 milhões de toneladas retirados dos campos na época, devido à ampliação de 6% nas lavouras, que atingiram 6,7 milhões de hectares, e aos bons rendimentos.


A avaliação é da Expedição Safra Gazeta do Povo, que percorreu 4,5 mil quilômetros nos últimos dez dias para conferir de perto a realidade de cada região produtora de Mato Grosso, líder nacional na produção de soja. Num ano bom de renda, com a saca de soja batendo em R$ 40, as perdas serão pouco expressivas, conforme técnicos e produtores locais. O investimento em tecnologia foi um dos mais fortes já registrados, o que permite inclusive avanço em produtividade em muitas fazendas.

As lavouras estão em franca expansão no Vale do Araguaia – em municípios do Nordeste – e principalmente no Norte – no entorno de Sorriso, a capital nacional da soja, que planta 600 mil hectares e chegou perto de seu limite. “A colheita está chegando com potencial muito bom”, avaliou o agrônomo Robson Mafioletti, analista técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) que acompanha a Expedição.

“Desde o ano passado, chove todo dia. Com queda na luminosidade e um pouco de ferrugem, vamos produzir menos”, disse Alcimar Gardin, que planta 2,4 mil hectares de soja a 35 quilômetros de Sorriso, em Vera. A produtividade deve cair de 4,02 mil quilos por hectare (67 sacas) para 3,7 mil kg/ha (63 sacas), estima, ainda no início da colheita. A doença eleva os gastos com insumos, que chegam perto de R$ 900 por hectare, em até 10%. “Em 15% da área, estou fazendo quatro aplicações de fungicida, duas a mais.”

No percurso pela região norte, a mais afetada pela ferrugem em Mato Grosso, a Expedição conferiu que há sinais da doença em praticamente todas as lavouras. “O pessoal facilitou. Nos últimos dois anos, tudo parecia controlado. Nesta safra, muita gente deixou a ferrugem chegar e fez aplicação de fungicida curativa, e não preventiva”, relatou o agrônomo Marcello Cattapan, da C. Vale Agroindustrial. Das primeiras 145 ocorrências registradas pela Embrapa Soja nesta safra, 66 foram em Mato Grosso.


As chuvas e a ferrugem não são o principal problema de lavouras localizadas mais ao sul de Mato Grosso. Houve áreas que enfrentaram até quatro semanas de sol forte na época do plantio. Porém, as chuvas chegaram antes do Natal, três semanas mais cedo do que as regiões que enfrentaram seca no Paraná e Rio Grande do Sul.

Com todas as complicações climáticas, a estimativa ainda é de boa produtividade. Júlio Teis, que cultiva 500 hectares de soja em Rondonópolis, espera “mais de 55 sacas por hectare”. Na colheita passada, chegou a 61 sc/ha. “Não é que tenha faltado chuva. O problema foi a distribuição.” Ele deve iniciar a colheita amanhã, mas tem soja que ainda terá de ficar um mês no campo. Em janeiro, as precipitações passaram de 400 milímetros, o dobro do esperado. Agora, em fevereiro, tendem a continuar acima da média. Nas regiões com chuva em excesso, as lavouras estão levando uma semana a mais para ficarem prontas para a colheita, relatam os técnicos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

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