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Commodities agrícolas estão em ritmo de alta

As cotações internacionais de soja e milho encontram na forte atuação de fundos de investimentos suporte para continuar bem acima de suas médias históricas


Pressionadas pela entrada da safra 2007/08 dos EUA no mercado, as cotações internacionais de soja e milho ainda encontram na forte atuação de fundos de investimentos suporte para continuar bem acima de suas médias históricas.

Conforme cálculos do Valor Data baseados nas médias mensais dos contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os de maior liquidez), na bolsa de Chicago a soja em grão encerrou outubro em alta de 3,39% em relação a setembro. Já o milho subiu 2,05% na mesma comparação.

"No momento a oferta é boa para ambos os grãos, já que os EUA tiveram safra cheia e a Argentina continua ofertando. Os fretes também estão em níveis elevados e os importadores estão comprando "da mão para boca". São fatores "baixistas" para os próximos meses, mas os fundos estão mantendo suas posições de olho no longo prazo", afirma Vinícius Ito, analista da Fimat Futures.

Ele observa que essa sustentação se espalha pelas commodities em geral, inclusive não-agrícolas - sobretudo o petróleo, que hoje tem grande influência sobre o milho, matéria-prima do etanol americano. Nos dez primeiros meses do ano, o índice de commodities da Reuters (CRB) subiu 14,24%, ante valorização de menos de 9,24% do índice da Standard & Poor"s que mensura o desempenho das 500 maiores empresas da bolsa de Nova York.

Com contágio similar, o trigo negociado em Chicago manteve-se firme em outubro e registrou leve valorização de 0,07% sobre setembro. Entre as principais commodities agrícolas, o trigo ainda apresenta a maior variação positiva nos últimos doze meses (69,38%), fortemente impulsionada pela prolongada estiagem na Austrália.

"As cotações dos grãos atingiram um platô. Se não houver problemas na safra sul-americana ou uma explosão de demanda, sobra pouco espaço para novas altas, apesar da atuação dos fundos", diz Ito.

Na bolsa de Nova York, onde muitos investidores sem tradição em commodities também têm sido fundamentais para a formação dos preços, outubro foi de pouca para o cacau (queda de 0,92%), mas de recuperação para suco de laranja - salto de 14,93% sobre o mês anterior, o maior entre as commodities pesquisadas -, café (5,61%), algodão (5,21%) e açúcar (1,80%).

Segundo Maurício Mendes, presidente da Agra FNP no Brasil, a disparada do suco se explica, principalmente, pela previsão do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para a produção de laranja da Flórida em 2007/08. Em relatório divulgado no dia 12, o USDA previu 168 milhões de caixas de 40,8 quilos de laranja para o Estado americano, acima de 2006/07 (129 milhões de caixas), mas muito abaixo da expectativa do mercado. Clima adverso sobre os pomares de São Paulo também colaboraram para os ganhos.

No caso do café, explica Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, também foi o clima no Brasil, mais especificamente na região Sudeste, que guiou as cotações no mês passado. As chuvas se normalizaram na segunda metade do mês, mas a alta já estava definida.

Para o algodão, a boa demanda da Ásia foi fundamental para os resultados finais, e o açúcar, conforme Gil Carlos Barabach, da Safras & Mercado, se recuperou mas já enfrenta pressão da entrada da safra recorde da Índia. "União Européia, Austrália e Tailândia também estão no mercado", afirma ele.

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