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Conab prevê redução de até 41,3%


Bianualidade e baixo nível de tratamento sanitário estão entre causas da queda na próxima safra. A safra de café 2003/2004, segundo a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deverá registrar de 27,7 a 29,7 milhões de sacas de produto beneficiado. O volume significa queda de 37,1% a 41,3% ante as 47,2 milhões de sacas obtidas na temporada anterior, registrada como a melhor de todos os tempos. Minas Gerais, de acordo com o levantamento, terá queda de 50% na próxima safra, contabilizando 11 milhões de sacas.

A maior redução se dará na produção de café arábica, com queda entre 16,85 e 18,28 milhões de sacas, enquanto, para o robusta (conilon), a redução deverá ser entre 500 mil e 1,26 milhões de sacas. As razões para a queda, segundo o levantamento, são o ciclo de baixa bianualidade (ciclos que se repetem de um ano de baixa produção e o ano subseqüente de boa produção) na maioria das áreas de café arábica; baixo nível de tratamento fitossanitário; redução no nível de adubação; abandono de área; erradicação de cafezais mais antigos; práticas culturais como as podas e o clima desfavorável em Minas Gerais, São Paulo e parte da Bahia (regiões que respondem com mais de 50% da área de café).

Clima desfavorável

De acordo com o levantamento da Conab, o clima em Minas Gerais, São Paulo e Planalto da Bahia, foi extremamente desfavorável. As chuvas entre os meses de junho e outubro ocorreram abaixo da média histórica, além do registro de temperaturas bem acima do normal, principalmente nos meses de setembro, outubro e novembro, provocando maior evaporação, o que resultou em déficits hídricos acumulado nos cafezais. Já no Espírito Santo, Paraná, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Atlântico da Bahia, as chuvas, embora em menor intensidade, ocorreram dentro da normalidade, o que garantiu florada razoável e deverá dar sustentação aos frutos (chumbinhos).

Para Breno Pereira Mesquita, presidente da Comissão Técnica de Café da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e representante do Estado na Comissão Nacional do Café da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), os baixos preços do café praticados durante quase todo o ano de 2002 foram os principais responsáveis pelo desestímulo do produtor e conseqüentemente pela erradicação e maus tratos de várias lavouras.

"Os preços somente começaram a reagir a partir do final de agosto, quando o governo federal instituiu dois mecanismos para reajustar os preços, a pré-comercialização do café e a adoção do preço mínimo para venda, fixado em R$ 130 por saca", explica. "Contudo, a maioria dos produtores já havia comercializado sua produção, estando, portanto, com pouco capital para realizar os investimentos necessários para o desenvolvimento das lavouras", afirma.

Estocagem de grãos

Conforme Mesquita, o financiamento foi destinado à estocagem. "O café foi financiado ao preço referente a 90% do índice da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), cotado diariamente; o mercado fluiu da maneira que queríamos e o preço subiu para R$ 150 a saca." Com as medidas, segundo Mesquita, o governo conseguiu estocar cerca de sete milhões de sacas. "Sem contar o café armazenado no Funcafé, em torno de 4,5 milhões de sacas", acrescenta. Para ele, não é possível dimensionar o volume armazenado nas cooperativas e pelos cafeicultores, mas ele não suprirá o consumo do País e os compromissos com a exportação assumidos no ano passado. "O Brasil consome até 14 milhões de sacas e exporta outras 28 milhões."

Redação - Gazeta Estado de São Paulo

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