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Confinadores avaliam a atividade em 2011 abaixo das expectativas

Os custos de produção foram os maiores vilões


Os custos de produção foram os maiores vilões que pesaram na planilha dos pecuaristas em 2011 e a reação do preço do boi gordo foi considerada ruim


A pecuária nacional ao longo de 2011 viveu uma série de pressões de preços e oscilações de mercado forçando produtores das mais diversas regiões do País a se reprogramarem com desafiadores reajustes na composição de suas planilhas de custos.

O pecuarista Alberto Pessina, da Agropecuária Pessina, de Lençóis Paulista (SP), está entre os exemplos desta situação, com 15 anos de dedicação na atividade, ele revela que nos últimos dois anos com muita persistência e cuidado redobrado vem conseguindo manter equilibrado seu sistema de produção com número de três mil animais confinados e outros três mil de produção a pasto.


Pessina que convive com uma realidade bem diferente em comparação a outras regiões com limitação de novas glebas para arrendamento e alto custo da terra, tem trabalhado no limite para conseguir margens atrativas para permanecer na atividade, informa que seu custo de produção bateu na casa dos R$ 95 a arroba (entre 9 e 10 arrobas de peso vivo) este ano em comparação com os R$ 74/arroba (entre 9 e 10 arrobas de peso vivo) de 2010. “Esta diferença representa uma faixa de 29% de aumento, em média, indicando um importante impacto direto no resultado final da rentabilidade”, analisa.

Para o produtor, o ano de 2011 vai fechar com uma margem bem estreita em termos de remuneração para o produtor em relação ao ano passado. Ele cita, por exemplo, que enquanto o preço da arroba (a prazo com funrural) de agosto a dezembro de 2010 fechou a R$ 101,50, no mesmo período deste ano, não ultrapassou a R$ 99,80 a arroba, negociáveis em sua região produtora.

E ainda segundo ele, o índice Cepea/Esalq deste ano registrou uma margem bem mais estreita em relação a 2010, com preço de venda com mínima variação de pouco mais de 2,5% de remuneração em relação ao ano passado sendo que na outra ponta os custeios reajustados foram acima dos 20%.

Uma outra constatação que também influenciou num enxugamento de sua remuneração foi que durante este ano, a ração subiu, o preço de reposição/animal também subiu (pagava R$ 82 a arroba e este ano passou para R$ 96 a arroba).

Defasagem - Outro confinador de Mato Grosso do Sul, João Borges, Fazenda Santa Rita, em Terenos (MS), aponta que entre as principais barreiras enfrentadas ao longo do ano foi o alto custo da matéria-prima, especificamente o preço do milho e por outro lado, o preço da arroba que não teve uma reação compensatória acima da média. “Para mim o ano de 2011 não foi muito feliz em função destas mudanças na composição dos preços”.

Borges que confina em média 1000 animais por ano e possui capacidade instalada para confinar até 1.200 bois, abriu sua planilha revelando que ao final de novembro de 2010 recebeu R$ 107 por arroba na venda de seu gado, e em novembro deste ano, o preço negociado não ultrapassou os R$ 95 a arroba.

“Veja só a disparidade, deixei de ganhar R$ 12 por arroba e tive que bancar um aumento médio de 25% nos meus custos de produção”, reclama o produtor que adiantou que se o cenário permanecer como está ou ainda der sinais de indicativos mais severos, pretende reduzir em pelo menos 30% sua escala de produção.

O pecuarista Sérgio Ribas, Fazenda Santo Antonio do Rio Doce, em Jataí (GO), é outro pequeno confinador (entre 350 a 500 animais/ano) que a exemplo de outros produtores até de maior porte, também é obrigado a investir em gestão eficiente para conseguir minimizar os impactos diretos dos altos custos de produção.


Ribas que utiliza sorgo, farelo de soja e caroço de algodão na dieta de 100 dias dos bovinos confinados revela que enquanto o custo em 2010 girou em torno dos R$ 3,30 a diária/animal/confinamento, neste ano, o custo chegou a R$ 4,40. “Sem contar que em 2010 um animal de reposição eu paguei R$ 900 por cabeça e, este ano, saltou para R$ 1.300 por animal magro”.

Lucro quase zero - Outra realidade difícil enfrentada pelo confinador em 2011 foi em relação para a falta de regularidade de contratos com frigoríficos para entrega programada de gado gordo. “Enquanto na safra de 2010 consegui negociar mais de 60% do meu gado confinado em contratos antecipados com frigoríficos este ano fiquei praticamente na mão, tendo que negociar conforme cada oportunidade de oferta de boi gordo dificultando que eu trabalhasse dentro de uma média e antecipasse algumas ações de investimentos para o próximo ciclo de engorda”, revela Ribas.

Para João Bosco, Fazenda Bosco, confinador em Alto Alegre dos Parecis, em Rondônia, a realidade não foi diferente das demais regiões ao ter trabalhado durante o ano com margens bem apertadas. Bosco que opta pela versatilidade na atividade tenta manter otimizado o giro de produção utilizando o sistema lavoura-pecuária (soja-milho e boi) em sua propriedade.

Ele informa que no ano passado, por exemplo, comercializou a R$ 13 a saca de milho contra os R$ 24 desta safra, preço posto na fazenda. “Na média os confinadores pagaram em torno dos R$ 21,50 a saca, ou seja, comparado ao ano passado, esse aumento chega a uma diferença de 65%”, esclarece.

Bosco informa que manteve a média de 2010 com 700 animais confinados este ano. “Houve uma grande empolgação devido aos resultados bem melhores obtidos em 2010 quando a arroba chegou a patamares dos R$ 103 (venda a prazo em novembro) e daí que este ano não houve o mesmo rendimento com a arroba sendo negociada entre R$ 93 e R$ 95 (venda a vista) e, com isso, muitos confinadores acabaram não conseguindo fechar a conta”.

Na média ele informa que o custo de reposição do boi magro para reposição tem ficado ao preço da vaca, ao redor dos R$ 765 (ou média de R$ 85,00 x 9 arrobas), preço praticado sem alterações entre 2010 e 2011. Quanto à venda de gado futuro para entrega aos frigoríficos, Bosco informa que o valor oferecido pela indústria não tem valido à pena. Enquanto em 2010 ele conseguia produzir a um custo de R$ 59 a arroba este ano o salto foi para R$ 75 a arroba. “Este foi o valor que o frigorífico queria pagar pela venda antecipada pela arroba e eu recusei porque estaria empatando com meus custos de produção”, conclui.

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