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Congresso aeroagrícola terá formatura de pilotos de combate a incêndio

Curso de operações aéreas contra chamas (de 15 a 18 de julho) marca prévia da programação que reunirá (do dia 19 a 21), em Sertãozinho


Foto: Divulgação

A 20 dias do início do Congresso da Aviação Agrícola do Brasil (Congresso AvAg) 2022, em Sertãozinho, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag, que organiza o evento) confirmou nesta manhã a realização do 4º Curso Brasileiro de Combate Aéreo a Incêndios em Campos e Florestas. O treinamento, que irá do dia 15 a 18 de julho, marcará a movimentação prévia do encontro aeroagrícola, que ocorrerá do dia 19 a 21, no interior paulista. “O treinamento será na base da empresa Garcia Aviação Agrícola, em Ribeirão Preto (município vizinho) e formatura dos novos pilotos será dentro do Congresso AvAG”, assinala o diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle.

O curso abrange dois dias de parte teórica sobre temas como comportamento do fogo, comunicação (com fraseologia técnica) e outros. Já os dois dias finais são de prática, onde cada piloto teve que fazer pelo menos quatro lançamentos contra alvos representando pontos de incêndio. Neste caso, exercitando orientação no circuito, aproximação, ataque e retorno. O treinamento ocorre em parceria entre o Sindag, a Fundação Astronauta Marcos Pontes (Astropontes) e as empresas Pachu Aviação Agrícola e Americasul Aviação Agrícola.

Além de marcar o início da temporada de incêndios em vegetação no País, que normalmente vai de julho a setembro, o reforço na capacitação dos pilotos agrícolas (que legalmente já são aptos a esse tipo de operação) tem um simbolismo a mais nesse momento, enquanto o setor aguarda a sanção presidencial ao Projeto de Lei (PL) 4.269/2020, aprovada no dia 22 pelo Congresso Nacional. O dispositivo altera o Código Florestal Brasileiro (Lei 12.651/2012), incluindo de maneira consistente e definitiva a aviação agrícola nas políticas governamentais para preservação das reservas naturais contra incêndios no País. Além disso, será um dos temas nas reuniões paralelas dentro do evento aeroagrícola de Sertãozinho.

Só no ano passado, conforme levantamento do Sindag junto a empresas do setor e ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a aviação agrícola brasileira lançou quase 20 milhões de litros de água contra chamas no Pantanal, Chapada dos Veadeiros, Cerrado Nordestino e outras áreas de reservas, além de incêndios em lavouras no País. 

Aliás, próprio ministro Marcos Pontes também estará na formatura dos pilotos e participará da abertura oficial do Congresso AvAg, às 10h30 do dia 19. Depois, às 13h30, ele fará a palestra de abertura do Congresso Científico da Aviação Agrícola – que ocorre dentro do principal evento aeroagrícola do País e que busca incentivar pesquisa sobre o setor. Este ano com 10 trabalhos acadêmicos inscritos no concurso.

EXPECTATIVA DE RECORDES

O Congresso AvAg é um dos maiores encontros aeroagrícolas do planeta, com ótimas expectativas para a volta de sua programação presencial, após dois anos de encontros apenas via web – devido à pandemia da Covid-19. Conforme o diretor Gabriel Colle, os números já apontam para uma nova edição recordista. “A área de estandes supera em 50% o espaço da última edição presencial (em 2019), que já havia sido a maior até então – desde o início dos eventos aeroagrícolas no País, nos anos 1970”, completa o dirigente.

Entre as atrações da feira (que será no pavilhão do Centro de Eventos Zanini), junto com as tradicionais demonstrações de aeronaves agrícolas, desta vez os drones também figuram com força entre as vedetes da mostra de tecnologias, equipamentos e serviços do setor. Em nada menos do que 14 estandes e apresentando inclusive um aparelho com motor movido a etanol, que promete quebrar as limitações de autonomia das baterias elétricas – até então o principal entrave para melhores desempenhos no trato de lavouras.

Já no segmento das aeronaves pilotadas, a confirmação dos fabricantes norte-americanos mais uma vez assinala a importância do mercado brasileiro, que tem a segunda maior frota mundial do setor – atrás apenas da dos Estados Unidos. E que no ano passado cresceu 3,4%, chegando a 2.432 aeronaves atuando em 23 Estados, conforme levantamento nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Aliás, incremento que só não foi maior porque as fabricantes de aviões agrícolas (as norte-americanas Air Tractor e Thrush Aircraft e a brasileira Embraer) não conseguiram acompanhar o incremento na demanda do agro durante a pandemia. O mercado brasileiro pedia 50 aeronaves a mais do que as 80 que entraram em 2021, segundo estimativas da entidade aeroagrícola. Nesse caso, aparelhos com capacidades de carga entre 1 mil e 3 mil litros, utilizados tanto para a aplicação de produtos químicos ou biológicos para o controle de pragas, quanto para semeadura e aplicação de fertilizantes. E até combate a incêndios florestais.

TECNOLOGIAS

Na parte de tecnologias embarcadas – outro ponto tradicionalmente forte do Congresso AvAg, as empresas chegam não só com uma variedade maior de fornecedores, como mostrando as credenciais de um Brasil que já exporta equipamentos de ponta. “Temos pelo menos 30 empresas que estão expondo pela primeira vez em nosso Congresso”, explica a coordenadora administrativa do Sindag (e do evento), Marília Luíze Schüler.

A mostra terá desde os aparelhos DGPS (que funcionam como computador de bordo, guiando o piloto exatamente sobre cada faixa de aplicação e controlando fluxo e abertura e fechamento da pulverização) até comportas especiais de incêndio – que melhoram o desempenho das aeronaves em lançamentos de água contra chamas em vegetação. Aliás, demonstrações de combate a incêndio com aviões estão no rol das atrações na parte externa do pavilhão de 12 mil metros quadrados da feira.

Entre as várias tecnologias embarcadas, a exposição interna terá ainda sistemas de bicos e atomizadores (que controlam o tipo de gota necessário em cada aplicação) e até os serviços das chamadas clínicas de aeronaves. Neste caso, especialistas que vão a campo com equipamentos especiais para fazer a sintonia fina dos equipamentos aeroagrícolas, garantindo total precisão nas aplicações em lavouras. “Para completar, como sempre o encontro aeroagrícola terá também a presença maciça de técnicos e dirigentes de órgãos como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), entre ouras autoridades”, completa Marília.

MERCADO EM PAUTA

Para o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, o Congresso AvAg volta à sua velha forma em um momento importante para o setor também nas discussões sobre o mercado e relações institucionais. Além dos painéis abordando demandas e tendências de mercado para o setor – a partir de temas como preços de combustíveis, expectativas de safra, demanda por commodities, custos de manutenção e outros aspectos, a programação terá debates sobre digitalização das empresas, melhoria contínua e tecnologias de aplicação.

Com espaço ainda para geração de conhecimento e capacitação de pessoal. Ênfase aí para a apresentação e premiação dos trabalhos acadêmicos do Congresso Científico da Aviação Agrícola (com palestra do ministro Marcos Pontes) e Competição de Mecânicos (neste caso, em parceria com o Senai e Centro de Serviços Aeronáuticos - CSA). Além da formatura das duas primeiras turmas da pós-graduação MBA em Gestão, Inovação e Sustentabilidade Aeroagrícola, que ocorre em parceria entre o Sindag e a Faculdade Imed, de Passo Fundo/RS.

Homenagens no jubileu de diamante do setor

Dentro da programação, a volta à normalidade neste pós fase crítica da Covid está sendo festejada com o tema Novos Tempos. Mas também celebrando o passado, já que o Congresso AvAg 2022 marca ainda as comemorações dos 75 anos da aviação agrícola brasileira. Assim, além das homenagens previstas na programação, os principais espaços do evento foram renomeados em reverência aos pioneiros do setor no País. 

Com isso, a arena principal de palestras e debates chama-se Clóvis Gularte Candiota, o patrono do setor aeroagrícola brasileiro. Relembrando o primeiro piloto agrícola e um dos primeiros empresários aeroagrícolas do País, junto com o engenheiro agrônomo Leôncio de Andrade Fontelles. Protagonistas da primeira operação de aviação agrícola no Brasil, na tarde de 19 de agosto de 1949, no combate a uma nuvem de gafanhotos na cidade de Pelotas/RS.

Fontelles, aliás, no Congresso AvAg empresa seu nome ao auditório de apresentações técnicas e produtos. Ele que naquele dia há 75 anos voou com Candiota operando o equipamento encomendado por eles de um funileiro local e acoplado ao biplano Muniz M-9 do aeroclube da cidade. Foi do engenheiro agrônomo a iniciativa da operação, a partir de informações de como eram feitas missões semelhantes em outros países. 

Já a primeira brasileira a pilotar em uma operação agrícola é lembrada na Praça Ada Leda Rogato, dentro do espaço da feira. A paulista teve sua primeira missão aeroagrícola em pleno sábado de carnaval (mostrando que, desde sempre, o agro não para), no dia 7 de fevereiro de 1948. Menos de seis meses depois do voo de Candiota e Fontelles e, desta vez, para combater a broca-do-café em cafezais entre os municípios paulistas de Gália, Garça, Marília e Cafelândia. Na ocasião, ela pilotou um CAP-4 Paulistinha, de 65 hp, a serviço do Instituto Brasileiro do Café (IBC).

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