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Congresso Mundial de Segurança Alimentar vai debater hormônios e antibióticos na carne


Temas considerados tabus, como a administração de hormônios por meio da ração em bovinos, ou de antibióticos na alimentação de aves, serão debatidos durante o I Congresso Mundial de Segurança Alimentar, a ser realizado em São Paulo entre os dias 9 e 13 de julho, pela Food and Agricultural Organization (FAO), órgão da Organização das Nações Unidas. Para a International Feed Industry Federation (Ifif), que também participa da organização do encontro, o uso de hormônios e de antibióticos nas rações é absolutamente seguro. As restrições a esses produtos não passam de barreiras culturais e comerciais, baseados no conceito de que essas substâncias são nocivas à saúde humana.

O secretário-geral da Ifif, Roger Gilbert, afirma que as fórmulas das rações devem levar em conta a opinião pública e o direito do consumidor de abster-se de determinadas químicas, mesmo quando comprovado cientificamente de que não se constitui ameaça. Gilbert encontra-se no Brasil para ajudar a elaborar o programa do encontro.

Mal da vaca louca:

Outros temas para debate serão a influência da alimentação animal na disseminação do mal da vaca louca e a eventual ligação dessa doença dos bovinos com a Creutzfeldt-Jakob, que afeta os seres humanos e cuja origem foi atribuída à ingestão de carne contaminada. Para o secretário-geral da Ifif, ainda não foi comprovado cientificamente a ligação entre as duas doenças. Tampouco, segundo afirma, que a ingestão por bovinos de farinha de carne de animais não ruminantes cause a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB).

Gilbert assegura que a farinha de carne é segura e que essa constatação tem fundamento científico. Segundo afirmou, a disseminação do mal da vaca louca foi provocada pela utilização, sem controle, de carne, ossos, sangue e vísceras de ruminantes na fabricação da ração animal. Para ele, a farinha de carne é importante fonte de proteína e que, por isso, não deve ser descartada no preparo na ração animal. Em teor de proteína, a farinha de carne só perde do farelo de soja e da farinha de peixe.

O uso da farinha de carne está proibida na composição das rações destinadas aos rebanhos bovinos no Brasil, Estados Unidos, Canadá e países da Europa. Para Gilbert, é um excesso de cautela, influenciada pela opinião pública, sensibilizada pela ameaça da suposta ligação entre a doença da vaca louca e a Creutzfeldt-Jakob. Com isso, os governos foram levados a tornar mais rígidos os códigos de segurança alimentar.

Provedor de alimentos:

O encontro sobre segurança alimentar está sendo organizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). O presidente da entidade, Mario Sergio Cutait, explicou que as organizações internacionais promotoras do evento consideram o Brasil como o grande provedor mundial de alimentos. Por isso, escolheram o país para a sede do primeiro encontro, que deverá se repetir nos próximos anos em outros países em desenvolvimento. A intenção é debater métodos para garantir a expansão da oferta de alimentos com segurança.

O encontro terá participação de representantes dos governos de outros países. Haverá técnicos dos Estados Unidos, da União Européia, da China, além de representantes do Ministério da Agricultura. Estão convidados dirigentes das indústrias de alimentos, fabricantes de rações e dirigentes de empresas de varejo. "Queremos reunir todos integrantes da cadeia para que participem do debate sobre os códigos de segurança alimentar".

Para o secretário-geral da Ifif, normas para a segurança alimentar são tema controvertido. "Às vezes, não passam de barreiras comerciais, como ocorre com as exigências sanitárias da União Européia".

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