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Consórcio de trator ganha terreno no campo


Entrar em um consórcio de máquinas agrícolas deixou de ser uma alternativa que os pequenos e médios agricultores tinham para ter acesso às mais altas tecnologias para se tornar uma realidade e estratégia adotada pelos grandes empresários rurais para renovar suas frotas de forma programada. A procura pelos consórcios tem crescido entre os agricultores e sua participação dentro das vendas de máquinas no mercado interno aumentado nos três últimos anos.

Em 2002, os consórcios representavam apenas 8,9% das vendas internas de máquinas agrícolas. No ano seguinte, enquanto a comercialização de tratores e colheitadeiras apresentava retração de 10,8%, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de consórcios mais do que dobravam sua participação, saltando para 19,6% do total de vendas. No ano passado, as vendas internas de máquinas permaneceram estáveis, mas os negócios feitos por consórcios voltaram a crescer, passando a representar 22,1% do comércio total de máquinas agrícolas no Brasil.

Os prazos mais longos para pagamento do bem -entre 48 e 120 meses - e a possibilidade de programar a compra do trator ou colheitadeira são alguns dos motivos que têm impulsionado o avanço dos consórcios no Brasil. "As vendas de máquinas feitas por consórcio caminham em paralelo às vendas à vista e aos financiamentos. O que geralmente define a opção do agricultor é a urgência que ele tem para utilização do trator ou colheitadeira que está adquirindo", afirma Persio Pastre, vice-presidente da Anfavea e executivo da Case New Holland (CNH). Os consórcios cobram taxa de administração de 14% ao ano.

Novos fatores:

Em 2005, no entanto, o grupo de fatores que até agora tem incentivado o avanço acelerado dos consórcios, deve ganhar mais um item: os preços baixos das commodities. A capitalização menor dos agricultores este ano fará com que os grandes investimentos até então programados sejam adiados ou até mesmo cancelados. Dentro desse cenário, as aquisições de maquinário agrícola devem sofrer um grande impacto, tanto que a própria Anfavea prevê retração de 10,5% nas vendas internas para 2005, em comparação ao ano passado.

"Nos anos em que a oferta de máquinas é grande, como promete ser 2005, a tendência natural é que haja um incremento nas vendas de consórcio", afirma Paulo Herrmann, diretor de marketing da americana John Deere. O executivo lembra que ainda é cedo para se ter uma previsão de quanto que a venda de consórcio poderá crescer este ano, mas acredita que o negócio irá representar cerca de 10% do faturamento nacional da multinacional John Deere no Brasil.

Benefícios do sistema:

Apesar de a expectativa de crescimento dos consórcios este ano estar, em parte, atrelada à nova realidade do agronegócio brasileiro, o diretor de marketing da AGCO do Brasil, dona da marca Massey Ferguson, Fábio Piltcher, acredita que o desenvolvimento da modalidade está mais vinculada aos benefícios proporcionados pelo sistema do que pelas oscilações de preços das commodities nos mercados interno e externo. "O consórcio é uma alternativa financeira que permite ao agricultor programar a compra do bem e seu crescimento está muito atrelado ao trabalho de divulgação feito pelas empresas", afirma Piltcher.

Na avaliação do executivo, em 2005, pode haver uma migração dos agricultores menos capitalizados, que, em anos anteriores, optaram por financiamentos ou até mesmo compras com pagamentos de curto prazo, para sistemas de consórcio. "Uma parcela daqueles produtores que estiverem com pouco recursos por causa dos baixos preços das commodities devem optar pelo consórcio esse ano", afirma Piltcher, ao lembrar que o sistema de venda representa entre 12% e 15% do faturamento da AGCO no Brasil.

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