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Consultas sobre açúcar vão continuar na OMC


O Brasil e a Austrália saíram insatisfeitos das consultas com a União Européia na Organização Mundial de Comércio (OMC), na sexta-feira. Estava em jogo o ataque de brasileiros e australianos contra as exportações européias subsidiadas.

Num balanço de dois dias de discussões, o embaixador brasileiro Luiz Felipe Seixas Corrêa qualificou de "inacreditável a falta de resposta da UE até sobre o custo da produção do açúcar". O Brasil fez 26 questões escritas à UE e a Austrália 34. "Mas a maioria foi sobre o acesso preferencial do açúcar dos países da ACP no mercado europeu", reclamou o ministro de Comércio das Ilhas Maurício, Provin Jungnanth. "Essa denúncia do Brasil parece um jogo de futebol em que nós somos um time de quinta divisão enfrentando o campeão mundial." O secretário de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pedro de Camargo Neto, retrucou: "O problema é que a União Européia faz o gol com a mão e não aceitamos isso."

A guerra da comunicação continuou entre os beligerantes. Os europeus deram um show de comunicados. O Grupo ACP soltou também um comunicado final acusando o Brasil de "ditar as condições do mercado mundial" e de o País ser a fonte dos problemas que a indústria da Austrália enfrentou recentemente, por causa de suas exportações com preços baixos.

A Austrália organizou uma conferência de imprensa e com o Brasil deu sua versão, explicando que não atacavam as preferências comerciais dos países da ACP. Mas os ACP dizem não estarem convencidos. "A maneira concreta de dar essa garantia é pôr um fim definitivo a essa disputa"'', diz comunicado.

A negociadora-chefe européia, Mary Minch, voltou a rejeitar a possibilidade de oferecer uma solução para a disputa. "Respeitamos os acordos da OMC, não temos porque fazer isso", argumentou. Para o embaixador Seixas Corrêa, o Brasil tem um caso "sólido e firme" que pode resultar num painel, dependendo de decisão futura de quem estiver no poder em Brasília. "O Brasil foi o herói dessa consulta", disse uma funcionária brasileira.

Unica

De acordo com comunicado da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica), "a UE quer usar os países da ACP como escudo para seu protecionismo, tentando desviar a atenção do verdadeiro problema". Segundo a entidade, os países da ACP compraram uma briga alheia, esquecendo-se que ele têm um ponto frágil: o privilégio de exportar para a UE sem nenhuma taxa. No entanto, a licença pode ser retirada a qualquer momento.

Assis Moreira

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