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Consultor fala sobre o início do plantio da soja e as expectativas para a safra

O consultor explica como o fenômeno La Niña pode influenciar a cultura e traça boas perspectivas aos sojicultores


Flávio Roberto França Junior, consultor e diretor de produtos da Safras & Mercados, fala sobre o início do plantio da soja e as expectativas para a próxima safra.

O consultor explica como o fenômeno La Niña pode influenciar a cultura e traça boas perspectivas aos sojicultores.

A safra 2010/2011 de soja já começou. Quais são as expectativas tanto dos produtores quanto do mercado consumidor da commodity?

O produtor pode esperar boas expectativas para o consumo e apostas de novos investidores para a safra de 2010/2011. A demanda mundial de soja vem crescendo, com perspectivas de preços externos pelo menos 15% superiores sobre os preços de 2009/10.

No mercado interno, as principais regiões produtoras do País, como Paraná (PR) e Mato Grosso (MT) registram altos números de produção e o mercado de investimentos também acompanha esse crescimento. A bolsa de Chicago, utilizada como referência para os negócios no mundo, Chicago Board of Trade (CBOT), está com um movimento sólido de valorização das cotações para a soja, e registra os maiores valores de preço desde agosto de 2008.

É possível esperar uma alta incidência da ferrugem asiática? O que o produtor pode fazer para evitar que isso se repita?

Como o clima será influenciado pelo fenômeno La Niña durante esta safra, há uma previsão de menos chuvas para a região Centro-Sul do Brasil, o que não favorece a proliferação da ferrugem asiática.

Não se pode afirmar com certeza, mas já que a doença precisa de umidade para proliferar, a tendência é uma menor incidência nas regiões afetadas pelas mudanças climáticas causadas pelo fenômeno. Entretanto, o produtor não pode descuidar e deve manter a realização do manejo integrado.

O La Niña atrasa a chegada das chuvas na região central e reduz a incidência no Centro-Sul (da metade sul do Mato Grosso do Sul para baixo), aumentando o risco de estiagens regionalizadas no verão. O produtor precisa estar atento, adotar procedimentos adequados no plantio e se planejar de acordo com as previsões climáticas. O fato de chover menos não significa perda de produtividade, porém, caso haja irregularidade das chuvas, a mesma poder ser comprometida.

Qual o principal ponto com o qual o produtor deve se preocupar nesta safra?

Um problema mercadológico que pode decorrer desta boa fase para os produtores de soja é o que chamamos de "estrangulamento". Na safra 2009/10 houve um espaçamento entre as safras, tanto entre os Estados quanto dentro deles. Já a produção 2010/11 pode ser muito concentrada, com todos produzindo ao mesmo tempo em consequência do atraso na chegada das chuvas no Centro-Oeste.

Esse "estrangulamento" de produção causa problemas logísticos, como transporte (frete), o que dificulta o escoamento do produto para exportação, além de influenciar no preço final da mercadoria, podendo assim, diminuir a renda dos produtores.

Tem algo que o produtor possa fazer para não ser "atigindo" por essa situação? Ou evitar que isso ocorra?

A única coisa é escalonar as vendas, descomprimindo as negociações no período de colheita. É para isso que servem, por exemplo, as vendas antecipadas, que os produtores vêm adotando em maior volume nesta temporada.

Como está a valorização da soja brasileira no mercado internacional? O que podemos esperar em relação à exportação?

O mercado externo está com boas perspectivas e a demanda continua intensa. Além disso, o aperto nos estoques dos EUA deve abrir espaço para o produto brasileiro nesta nova temporada, com tendência de aumento no processamento doméstico e das exportações de soja e farelo de soja pelo Brasil.

As expectativas positivas no mercado também são reforçadas pela solidez nos preços do complexo de grãos, que envolvem o trigo, o milho e a soja. Nos três casos, as perdas de produção na Europa e a diminuição na safra esperada nos EUA enxugaram a disponibilidade destes grãos, fator que deve reduzir os estoques mundiais, mantendo os preços bastante valorizados no próximo ano.

O que os produtores devem fazer para se beneficiarem dessas boas perspectivas?

Cabe aos produtores ficarem atentos ao mercado e também se manterem atualizados sobre o movimento dos preços. Como recomendação, acho válido aproveitar os picos atuais de preços por meio das vendas antecipadas, pois os atuais patamares são muito interessantes. Entretanto, é bom lembrar que é preciso planejar a venda antecipada, afinal o fator La Niña traz riscos extras para a produtividade e não se pode prever como será a colheita dessa safra.

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