A regulamentação promete ampliar os investimentos na produção e, consequentemente, a oferta de orgânicos em todo o Brasil. “Para quem compra, vai ser bom porque os preços nos supermercados devem ficar mais em conta”, prevê a dona de casa Rosângela Alfredo Pires. Ela afirma que, mesmo diante dos estandes especiais montados nos supermercados e das 22 lojas de orgânicos inauguradas em fevereiro no Mercado Municipal de Curitiba, recorre às feiras livres. “Aqui pago o mesmo valor que gastaria comprando frutas e verduras convencionais nos supermercados”, explica.
Uma pesquisa da prefeitura de Curitiba com 470 consumidores mostrou que eles escolhem orgânicos principalmente para preservar a saúde. No entanto, é fácil notar nas feiras que os frequentadores têm muito mais em comum. “Não queremos pagar mais caro nos supermercados, mas aceitamos gastar o suficiente para garantir uma renda digna aos produtores”, afirma a professora Sandra Girotto.
Esses dois comportamentos traduzem uma filosofia que abrange também comerciantes. O distribuidor de café orgânico Cláudio Ushiwata afirma que a meta é sempre buscar um produto que o consumidor possa pagar “de forma justa”. Ele defende que o acesso aos orgânicos não pode ser dado só a pessoas com renda elevada. Por outro lado, afirma que não sente-se à vontade para pressionar o produtor a cobrar menos. O café orgânico vem do Norte do Paraná e de Minas Gerais. “Uma consulta de 15 minutos com um médico em Curitiba custa R$ 120. Um dia de trabalho de um produtor vale cerca de R$ 15”, compara.
O comerciante avalia que a certificação representa custo extra, mas considera o processo necessário pela distância que existe entre o consumidor e o produtor no grande mercado. Quem confia “no fio do bigode” do produtor, continuará tendo a opção de comprar em feiras, que exigem uma sistematização menos onerosa, pondera.
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