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Controle da sigatoka aumenta a produção no Paraná

Para enfrentar a doença, bananicultores trocam o extrativismo por boas práticas de manejo


Bananicultores do Vale do Ribeira (PR), que detém 80% da produção paulista, estão controlando a sigatoka negra com técnicas de manejo e boas práticas culturais. As ações reduziram o número de aplicação de fungicidas e, ao invés da esperada quebra, muitos tiveram aumento de produtividade.

Presente na região desde junho de 2004, quando o Instituto Biológico (IB) localizou o primeiro foco em Miracatu, a doença foi tida como um flagelo capaz de acabar com a bananicultura na região. O fungo já se espalhou por 23 municípios do Vale, de Registro e parte do Litoral Sul de São Paulo, onde os produtores já conviviam com a sigatoka amarela, menos agressiva."Mesmo assim, hoje a realidade é outra", diz o agrônomo Gilmar Gilberto Alves, da Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura.

Alves estima que, dos 40 mil hectares de banana do Vale, 20 mil estão nas mãos de extrativistas, sistema em que o controle é mais difícil. Dos restantes, 10 mil hectares têm manejo adequado, e destes, 5 mil hectares - tocados por 70 produtores - produzem bananas que podem ser "exportadas" para outros Estados, inclusive para os que estão livres da doença.

O Vale do Ribeira produziu, ano passado, 1 milhão de tonelada de banana, praticamente a mesma produção anterior ao fungo. "E não houve migração para variedades resistentes, pois 60% dessa produção continuam sendo de nanica e dos 40% restantes, quase tudo é prata." As duas são muito sensíveis ao fungo.

Segundo Alves, são bem sucedidos os que abandonaram o conceito extrativista e passaram a pensar a bananeira como uma frutífera cultivada. Os fungos da sigatoka negra cobrem as folhas e dificultam a fotossíntese, tornando a planta improdutiva. Os frutos não são afetados. O primeiro passo para mantê-la sob controle é adequar o tamanho do bananal à capacidade do produtor. "Mais valem 20 mil bananeiras bem cuidadas do que 50 mil infestadas." Talhões muito infestados devem ser erradicados.

A drenagem da área é importante, pois a umidade favorece os fungos. Adubação caprichada também ajuda: planta bem nutrida resiste mais. O excesso de perfilhos (brotos) deve ser eliminado e a desfolha deve ser rotina, com retirada das folhas secas ou contaminadas. Quando a infestação é inicial, pode ser feita uma poda cirúrgica, retirando apenas as partes com sintomas. "O ideal é enterrar as folhas cortadas, mas a simples deposição no solo reduz em até 80% a emissão de esporos", diz.

Ao lado dessas medidas, segundo Alves, é fundamental o monitoramento da doença. Com as tabelas desenvolvidas pelo Instituto Biológico, o produtor avalia a necessidade de pulverização de acordo com a quantidade de fungo. Na área manejada estão sendo feitas, em média, 10 aplicações por ciclo. No resto do mundo a média é de 20, como no Equador, a 50, caso da Costa Rica. "Como o tratamento químico representa até 50% do custo, a economia é imensa", diz o técnico. Ele lembra a necessidade de alternar o princípio ativo utilizado para evitar que o fungo crie resistência.

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