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Cooperativa de MG tenta liquidar dívida de R$ 23 milhões

Conselho administrativo leva proposta de rateio das dívidas em Assembléia, mas não obtém sucesso


Conselho administrativo da Cooperativa agropecuária de Montes Claros (Coopagro) leva proposta de rateio das dívidas em Assembléia, mas não obteve sucesso. A dívida hoje está avaliada em R$ 23 milhões, sendo que, por ano, a Coopagro fecha com prejuízo de R$ 3 milhões.

Segundo informou Lúcio Amaral, presidente da entidade, a proposta de ratear as perdas, que na verdade são dívidas, seria uma forma de salvar a Coopagro de uma possível dissolução, já que há impostos federais a serem quitados, o que em sua visão é o que mais preocupa. Ainda há dívidas com o Banco do Nordeste e do Brasil, além do INSS que somam esse montante.

A princípio, os pecuaristas-sócios souberam que teriam que pagar na divisão das dívidas cerca de R$ 10 mil cada; mas o que foi apresentado na Assembléia, que aconteceu sexta-feira (23-03) no auditório da Sociedade Rural de Montes Claros (MG), foi diferente.

Lúcio chegou ofertando a proposta, que consistia de os pecuaristas pagarem durante sete meses o valor de R$ 100; isso seria para abater um pouco das dívidas para depois se obter um denominador comum que resultaria no valor exato, que seria dividido entre os sócios. Isso foi colocado em votação, mas sexta-feira não foi um bom dia para o Conselho Administrativo da Coopagro; de 3.200 sócios só estavam presentes 52.

O que, na opinião do presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, Júlio Pereira, seria desleal com a minoria presente pelo fato de os outros sócios não saberem dessa vontade de liquidar as perdas. Vale lembrar que os R$ 23 milhões estão sendo contados desde o ano de 2002.

"Para dizer bem a verdade, não chegamos a solução alguma. A proposta foi barrada e não podemos negar que há o risco de a Cooperativa se dissolver, o que não seria uma boa saída", confessou.

Acrescentou que a Coopagro obteve em 2006 um saldo financeiro igual a R$ 472 mil e fechou com saldo positivo de R$ 126, mas teve um prejuízo de R$ 3 milhões. Para alguns pecuaristas a solução é acabar com a cooperativa, porque acreditam que as dívidas não são deles e sim do patrimônio que é a mesma, como defendeu alguns.

Mas o presidente ainda falou da estratégia de o produtor pagar em 240 meses um valor de R$ 10 por mês para acabar com a dívida. O resultado é que nem isso adiantou para convencer os sócios, ou a maioria deles, a tomar para si uma dívida que não consideram sendo deles.

Todos os bens da empresa estão penhorados e, segundo os cálculos, nem vendendo todos eles, a usina de financiamento de algodão, a indústria, seria possível quitar a dívida. Ainda há as dívidas com fornecedores oriundas de outras administrações que somam hoje um montante de aproximadamente R$ 126 mil. A princípio essa dívida estava na casa de uns R$ 500 mil, mas essa nova administração conseguiu diminuí-la.

Mesmo com os impasses durante a reunião, que mexeu com os ânimos dos presentes, e principalmente da diretoria, nada foi definido. O certo é que haverá outra Assembléia para definir esse quadro.

Novas marcas

Para Cláudio Lopes, diretor administrativo da Coopagro não há possibilidade de extinguir a empresa porque ela tem dado lucro. Nos próximos dias a Coopagro vai lançar no mercado novos produtos como as bebidas lácteas de chocolate, coco e pêssego. A marca Alvorada, da Cooperativa, é muito aceita no mercado, assim sendo, defende Cláudio, é preciso encontrar soluções para erguer a Coopagro.

Para um pecuarista que não quis se identificar, essa crise enfrentada pela Cooperativa se deve a desvios de recursos para financiar campanhas políticas. Dessa maneira entende que a dívida não é dos sócios.

"Em outros tempos, quando a cooperativa não era quebrada, tínhamos bons motivos de sermos sócios, porque tínhamos plano de saúde, desconto em postos de gasolina e o melhor de tudo: nosso leite era valorizado porque a Coopagro nos pagava um preço maior que o de mercado, por isso ela era forte e sólida. Agora eu pagar do meu bolso uma dívida que não pertence não é justo".

Para Mariosvaldo Casa Santa a proposta da diretoria procede, mas a maioria dos pecuaristas é contra qualquer acordo que vise a liquidação das dívidas milionárias da Coopagro.

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