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Cooperativa do PR cria projeto de óleo vegetal combustível

Avaliações comprovaram que o óleo aumenta a potência do veículo e é menos poluente


Uma caminhonete que funciona a base de óleo vegetal e já rodou 5.500 quilômetros. A idéia de produzir óleo vegetal para ser utilizado como combustível é um projeto que vem sendo desenvolvido há dois anos pela Cooperativa Witmarsum, localizada no município de Palmeira (PR). O óleo é extraído a partir de grãos de soja mas também pode ser fabricado com sementes de girassol, amendoim, canola, de linho e de caroço de algodão. O projeto é desenvolvido em conjunto com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).

A iniciativa apresenta dois aspectos que vêm sendo muito debatidos - a pesquisa para o desenvolvimento de combustíveis alternativos em substituição ao petróleo e a preocupação com a proteção ao meio ambiente. Ainda que o uso do óleo vegetal combustível seja restrito às propriedades rurais, o produto traz uma grande economia para os agricultores.

O engenheiro agrônomo da Cooperativa Witmarsum, Gernold Schartner, conta que o Tecpar realizou avaliações no produto de rendimento, poluição e média de consumo comparando com o óleo diesel. As avaliações comprovaram que o óleo vegetal aumenta a potência do veículo e é menos poluente. Com o óleo diesel é possível fazer 9,86 quilômetros por litro e com o vegetal 9,61 quilômetros. No entanto, o custo do quilômetro rodado com óleo diesel é R$ 0,1906 e com óleo vegetal R$ 0,1270.

"Adotamos a linha da Europa para trabalhar com óleo vegetal", disse. Segundo ele, esta produção de óleo abre a possibilidade de uso de culturas de verão como a soja e também de inverno como o girassol. A miniusina de óleo vegetal da cooperativa tem capacidade instalada de 150 quilos de grãos por hora e produção de 17 a 20 litros de óleo/hora. O projeto da Witmarsum também foi apresentado no final de novembro do ano passado por Schartner em um congresso de óleo vegetal na Alemanha.

A primeira etapa do processo é a soja - ou pode ser outro tipo de grão - passar por uma espécie de microondas para aquecer o grão, extrair o gérmen de soja e tirar a casca do produto. Depois o grão é prensado a frio e sobra uma "torta" que é utilizada para produzir ração animal. O microondas retira o alto teor de fósforo do produto o que poderia danificar o motor de um veículo.

Shartner destacou que a produção de óleo em pequenas usinas abre o "leque de opções" para o produtor rural que usa o óleo e o farelo e ainda a torta como ração. O gérmen de soja pode ser ainda vendido para a indústria farmacêutica que usa este insumo para a produção de medicamentos para reposição hormonal.

O processo permite tanto produzir óleo culinário como o vegetal. A diferença é que o óleo culinário passa por um filtro de 20 micras (uma micra corresponde a um milímetro quadrado dividido em mil partes) e o combustível por um filtro de meia micra.

A caminhonete que usa o óleo combustível tem dois tanques, um com diesel e outro com óleo vegetal. O diesel só é usado para dar a partida no veículo, quando ele é ligado pela primeira vez no dia. Para mudar para o óleo combustível é só acionar uma chave.

Shartner destaca que, por enquanto, o óleo combustível é utilizado apenas para uso próprio dos produtores. Para ser comercializado teria que ser aprovado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), passar por vários testes de pureza e ainda teria a cobrança de impostos. Vale lembrar que, o óleo vegetal combustível produzido pela cooperativa não é biodiesel. Este último tipo de combustível tem 2% de óleo vegetal e o restante da composição é de diesel.

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