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Cooperativas testam nova "roupagem" para crescer


Um novo modelo de gestão para as cooperativas agropecuárias brasileiras está saindo do papel. Para melhorar a eficiência nos resultados e ampliar a rede de negócios, a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) vai colocar em prática um plano de ação, que começará a ser implementado ainda este ano.

"Vamos concentrar nosso foco no que é a tendência de mercado corporativo", afirmou Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB. Para ganhar eficiência, as fusões comerciais entre as cooperativas serão estimuladas. As cooperativas também deverão adotar um novo modelo de profissionalização. "Isso não significa somente a contratação de profissionais de mercado, mas investimento na educação, com ênfase na cultura das cooperativas e na formação de líderes", acrescentou Freitas.

A terceira estratégia será a de estimular a criação de rede de negócios. Nesse quesito, explicou Freitas, incluem-se alianças estratégicas entre cooperativas e até mesmo entre cooperativas e empresas privadas. "Se bem feitas, essas parcerias podem prospectar bons negócios para os dois lados", afirmou ele.

Com um faturamento estimado em R$ 50 bilhões em 2003, as cooperativas agropecuárias do país - um total de 1.519 - tiveram um crescimento expressivo nas últimas décadas. Mas algumas cooperativas mantêm "estruturas inchadas", o que reforça a necessidade de reestruturação do modelo de gestão, segundo um especialista do setor.

Freitas não negou que algumas cooperativas do país, sobretudo as de café, passam por problemas estruturais. Mas, segundo ele, as dificuldades são mais conjunturais. "O diagnóstico geral da saúde financeira das cooperativas é mais positivo do que negativo", disse.

No caso das cooperativas de café e de leite, observou ele, esses dois segmentos passam por crises pontuais. "A saída para a cafeicultura é a agregação de valor e as parcerias", afirmou.

No mês passado, um pool formado por nove cooperativas de café de Minas e de São Paulo formalizou a criação de uma nova trading de café. A estratégia delas será a de fortalecimento no mercado internacional. Essas cooperativas cafeeiras vão fechar uma aliança com a Sertrading para agilizar os negócios.

Outro exemplo é a aliança de um grupo de 25 cooperativas de laticínios de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Espírito Santo. Juntas, pretendem compartilhar sistemas de distribuição de produtos lácteos e montar um pool para a comercialização de leite fluído. Essa integração que será feita na comercialização de lácteos, proporcionará às cooperativas barganhar melhores preços ao negociar maiores volumes.

Para Fábio Silveira, da MS Consult, o sucesso das cooperativas depende do foco de negócio. "As que estão voltadas para o mercado internacional estão registrando boa rentabilidade", afirmou. "A queda do poder aquisitivo tirou o fôlego das cooperativas com foco no mercado interno, como as de arroz e feijão, por exemplo", observou Silveira. Segundo ele, o cenário poderá mudar com a expectativa de crescimento da economia, previsto para o segundo semestre.

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