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Copagra cria condomínio de lavouras

Cooperativa forma fundo com participação de produtores para investir em cana no Paraná


A Cooperativa Agroindustrial Noroeste do Paraná (Copagra), com sede em Nova Londrina, no noroeste do Paraná, criou um condomínio entre os cooperados para investir na produção de cana-de-açúcar. Pelo projeto, pequenos produtores participam de um fundo, no qual entram com parte do custo do plantio da lavoura e recebem um rendimento anual. A Copagra fica responsável pela locação da área, pelo plantio, tratos culturais, colheita e a transformação da cana em álcool.

Miguel Tranin, presidente da Copagra, diz que a idéia surgiu em função do fato da maior parte dos associados ser de pequeno porte ou estar longe da destilaria da empresa, o que dificulta o investimento em novas áreas de cana. "Com o condomínio, esses agricultores conseguem diversificar seus negócios e a cooperativa garante volumes para sustentar seus projetos de expansão".

A cana-de-açúcar responde, segundo Tranin, por 45% do faturamento da Copagra, que no ano passado obteve receitas de R$ 89 milhões, 29% acima do que em 2003. No entanto, 75% dos seus 2,1 mil cooperados possuem áreas de até 50 hectares, o que praticamente os impede de atuar em regime de escala para a produção de cana-de-açúcar.

A cooperativa arrendou uma área de 600 hectares no sistema de condomínio, que já tem 26 produtores participantes. A lavoura, localizada no município de Marilena, já está na segunda safra, com um rendimento inicial de 120 toneladas de cana por hectare. Segundo Tranin, cada agricultor investiu R$ 3,7 mil por cota e tem obtido um retorno de 22% ao ano, superior ao da taxa de juros básica do mercado, a Selic, hoje em 19,25% ao ano. O risco está na possibilidade de quebra da safra e nas oscilações do mercado. "Os mesmos que o agricultor enfrenta quando ele mesmo planta", diz Tranin.

A experiência deu tão certo que a Copagra prepara o lançamento de um segundo condomínio de cana-de-açúcar até o final deste ano. Com 200 hectares, a nova área estará localizada na cidade de Itaúna do Sul, a cerca de 10 quilômetros da sede da cooperativa, em Nova Londrina. "Também estamos elaborando um projeto no mesmo sistema para estimular o plantio da mandioca na região", diz.

A área total de cana-de-açúcar da Copagra é de 8,5 mil hectares, que garantem uma produção de 650 mil toneladas por ano, segundo Tranin. A destilaria de álcool da cooperativa vem ampliando suas operações e já processa 800 mil toneladas de cana-de-açúcar por ano, que são transformadas em álcool anidro e hidratado, industrial e fluido antineve. Desse volume, 30% são exportados para Europa, México e Caribe. O presidente da cooperativa diz que o objetivo é ampliar em 20% o processamento de cana em álcool em 2006.

Além de ajudar a sustentar a expansão na área de álcool, os condomínios também prometem viabilizar matéria-prima para os novos projetos da Copagra, como a construção de uma usina de açúcar. O projeto, orçado em US$ 6 milhões, prevê a produção de 50 mil toneladas de açúcar por ano. A idéia é colocar a usina em funcionamento em 2007.

A cooperativa vem de um processo de reestruturação financeira, que culminou com a renegociação, em janeiro desse ano, de um passivo estimado em R$ 15 milhões. "Com a renegociação, poderemos investir mais", diz. Com negócios também no setor de leite, arroz, mandioca e grãos, a cooperativa espera encerrar o ano com faturamento de R$ 118 milhões.

Para 2005 estão programados investimentos de R$ 8 milhões, 33% mais do que os R$ 6 milhões aplicados no ano passado. Os recursos serão destinados principalmente para a área de leite - cujo recebimento deverá passar de 60 mil litros para 100 mil litros por dia - e para o recebimento de grãos. "O volume de soja recebida pela cooperativa passou de 2 mil toneladas para 20 mil toneladas nos últimos três anos", explica.

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