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Cotação da soja cresce 12% em um ano

Na última sexta-feira o bushel chegou a US$ 6,73 pré-fixado para março


O cenário para a sojicultura mudou nos últimos 12 meses e a nova realidade revela que a cotação internacional e no mercado interno do grão estão 12% maiores comparadas aos valores adotados em janeiro de 2006.

Naquele mês a cotação com base em Sorriso (MT), maior produtor mundial de soja, abria a primeira semana do ano a R$ 21,50 e na seguinte despencava para R$ 18,60. Já em bushel (padrão de medida norte-americano que equivale a 27,2154 quilos), a saca atingia no dia 5, US$ 6,08 bushel e no dia seguinte, 6, uma sexta-feira, passava para US$ 6, ambos para vencimento em março.

Já na sexta-feira (05-01) passada o bushel chegou a US$ 6,73, também pré-fixado para março, uma alta de 12%. No mercado interno, Sorriso, atinge atualmente R$ 24,10, 12% acima dos valores do mesmo período de janeiro de 2006.

“A realidade é outra porque em janeiro do ano passado tínhamos um preço em baixa e a certeza de que ficaria ruim na boca de safra, quando a grande oferta em função da colheita, pressiona para baixo os preços. Prevíamos também uma baixa produtividade em razão das intempéries (chuva e seca) e infestação da ferrugem asiática”, lembra o analista da AgRural em Cuiabá, Seneri Paludo.

Já neste mês, as perspectivas para esta safra são o extremo. “Temos preços bons, que certamente sofrerão a pressão da boca de safra, mas nada comparado ao ano passado. Temos um clima favorável previsto e baixa infestação de ferrugem. Tudo indica que não teremos quebra de safra. Além de produtividade e preços acima do registrado no mesmo período do ano anterior, temos a explosão do milho, que tem sustentado os atuais níveis das cotações internacionais de soja. Tivemos uma crise setorial, conjuntural e não estrutural,”, revela o analista da AgRural.

Milho:

Desde o boom que os preços do milho registraram no final de 2002, há quatros anos, somente agora o grão volta ao apogeu e isso tem se refletido nas suas cotações internacionais e também na soja.

“Pela ameaça de migração de área de soja para o plantio do milho, a saca da oleaginosa vai sendo valorizada para estimular o plantio e o milho ganha preço pela alta demanda, pois ele é matéria-prima para a fabricação de etanol. O milho está com os melhores preços dos últimos dez anos e na contramão, a soja está ameaçada de ter a menor área plantada dos últimos dez anos, ou seja, desde 1997”, alerta Paludo.

Ainda sem estimativas oficiais, o que só acontecerá em fevereiro, o mercado prevê que dos 28,5 milhões de hectares (ha) de soja nos Estados Unidos – maior produtor mundial – 2 milhões/ha serão destinados à safra do milho. “Estas estimativas é que dão ânimo”, exclama Paludo.

O mercado de milho mudou tanto que vendas pré-fixadas começaram a ser registradas no Estado na região Médio Norte e Noroeste para entrega em julho e agosto deste ano. Os contratos foram travados em cerca de US$ 4,50 a US$ 5 a saca, preços para entrega dentro da safra. “O problema para Mato Grosso é a logística que desfavorece e também a taxa de câmbio que torna o ganho internacional quase que invisível ao produtor”.

Na região de Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá) – onde há a maior área disponível do Estado ao plantio de safrinha, cerca de 220 mil/ha – a saca do milho registrou no final de 2002, R$ 21 e naquela época a cotação do dólar estava em R$ 3,50, o que levava a uma cotação internacional do grão de US$ 6 por saca. Atualmente em dólar a saca tem cotação de 6,20, mas na hora de conversão ao real, passa R$ 13,50. “O mercado internacional do milho hoje está acima do que foi em 2002, até então o pico para o grão. O que atrapalha é o real”, aponta.

Fora a taxa de câmbio, o que pode esfriar os ânimos dos produtores que vão optar pelo milho como segunda safra é a logística, “o grande risco do milho para Mato Grosso, já que a exportação não é atraente em razão dos elevados custos”.

Além disso, outros dois fatores levam às luzes amarelas: a falta de capacidade de armazenamento, já que a soja tende a ter uma produtividade acima do registrado nos dois últimos anos, “não vai ter acomodação, já que o próprio milho ocupa mais espaço que a soja”. Outro ponto de estrangulamento é que com grande produção e sem uma logística favorável, não há consumo interno suficiente. “Ou seja, apesar dos bons preços o produtor tem de avaliar bem o destino que dará à produção”, alerta Paludo.

Super safra:

Ignorando as advertências, o Estado e prepara para retomada de título, mantendo a liderança na sojicultura e reconquistando o primeiro lugar na segunda safra de milho, a chamada super safra mato-grossense. Pelas projeções da AgRural, Mato Grosso terá a maior área de milho de sua história, alcançando 1 milhão/ha e 3,66 milhões de toneladas, expansão de 14%.

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