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Cotação da soja reage, mas não o suficiente na região de Campo Mourão

Desde o início do ano, os produtores amargam prejuízos com o baixo preço das comodities


Desde o início do ano, os produtores amargam prejuízos com o baixo preço das comodities. No caso da soja, o grão chegou a cair a R$ 29,00. Desde então, experimentou algumas altas e hoje está 17% mais alto na região de Campo Mourão. No entanto, os produtores dizem que não é momento para comemorar, os custos ainda são elevados e os prejuízos ainda não foram compensados.

Apesar da alta, até o último sábado (17), a oleaginosa estava sendo comercializada a R$ 34,80. Comparados com o preço pago no mesmo período do ano passado, isso ainda representa uma queda de 40%. Segundo o produtor rural Roberto Tonette, a melhora ainda é insuficiente. “Na verdade melhora um pouco a nossa situação, mas o patamar que tem de voltar ao que era antes. Recebíamos entre R$ 38,00 e R$ 40,00. Agora os R$ 34,00 não são suficientes, até porque os custos de produção só vem aumentando”, pondera Tonette.

No mesmo período do ano passado, segundo as estimativas da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), o custo final - quando é somada a depreciação das máquinas e a remuneração -, para produzir uma saca de 60 quilos era de R$ 34,00. Hoje, apesar da queda no preço pago, esse custo está um real mais caro. Superando o que os produtores recebem. “Apesar de estar longe do que era, com a pequena alta, dá para dar uma amenizada na nossa situação”, completa o agricultor.

De acordo com o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, a soja não apresenta grandes motivos para aumento de preço. “A soja tem reagido um pouco, depois baixou, agora subiu de novo, não vejo grandes possibilidades de crescimento”, diz. Segundo ele, o estoque ainda é alto. “Estamos com 40% da soja estocada ainda para ser vendida, ela está sendo comercializada aos poucos.”

Gangorra

O que forçou a queda vertiginosa do preço de uma safra para outra, segundo o presidente da cooperativa foram os excedentes em estoques mundiais. Gallassini explicou que agora, entre os motivos para a gangorra nos preços está o preço do dólar e a bolsa de Chicago. “Primeiro porque sobe a bolsa e depois muda o prêmio que é pago pela produção. Então pode acontecer de valorizar na bolsa, mas cair o prêmio, ou então, subir o prêmio e desvalorizar na bolsa. Agora subiu um pouco, e tem alguns resquícios de possibilidade de alta.”

Expectativas para a próxima safra

O gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, explicou em entrevista recente à TRIBUNA que somente no Paraná, a queda no valor da soja exportada caiu 6%, no Brasil, esses números são ainda maiores e chegam a 9%. Sobre as recentes altas, Turra trouxe um pouco de ânimo a quem depende do campo. “O preço da soja deve se manter mais ou menos nesse nível atual no mercado internacional. Mas passado o pico da safra, ele deve se sustentar um pouco, e pode ser até que tenha um leve aumento no mercado interno”, revela.

Tonette conta com essa alta. “Agora estamos nesse preço e dependemos do clima dos Estados Unidos, uma vez que eles são os produtores mundiais. Se acontecerem problemas climáticos por lá pode ser que o preço ainda dê uma reagida. São vários fatores que determinam essa balança”, complementa o agricultor. Segundo Gallassine, existem alguns indícios de que o preço se mantenha. “Nos Estados Unidos pode ser que algumas alterações climáticas reduzam a produtividade. Na Europa, estão sofrendo com uma seca que pode afetar os preços mundiais, mas nada que faça o preço explodir”, diz.

Outro problema segundo os agricultores são as contas acumuladas pelos meses de preço abaixo do custo. “Quando fazemos as contas, são para pagamento na safra, chegou o tempo e muitos tiveram de vender, mesmo com o preço lá em baixo para pagar as dívidas”, afirma Tonette. Ele ressalta, no entanto, que a melhora nos preços pode vir a compensar os prejuízos. “Caso esse preço suba, acredito que todos ganham. Quem segurou a produção está animado”, conta.

Gallassini reforçou explicando que mesmo colhendo bem, os agricultores têm dívidas acumuladas. “Posso dizer que os produtores estão mais compromissados este ano. Quem tem dívidas está tendo muitas dificuldades. Aqueles produtores que estão em dia, conseguem manter o negócio com os preços atuais, mas a maioria traz compromissos das safras anteriores. Mas agricultura é assim, tem seus altos e baixos”, afirma.

Área

Mesmo com os preços em baixa, a área plantada de soja vem apresentando crescimento. Na safra 08/09, haviam sido plantados 575 mil hectares, nesta foram 591 mil hectares, e a expectativa é de crescimento. “Na próxima safra eu vou aumentar a área. No verão, temos duas opções de plantio, o milho e a soja. O milho está com preço muito ruim, então nossa esperança está na soja. Estamos fechando contratos com uma perspectiva de R$ 36,00, muito melhor do que o tivemos este ano.”

O presidente lembrou que apesar da alta é difícil fazer qualquer previsão. “Foram esses fatores já citados que permitiram a alta que sentimos hoje, mas até onde vai, não dá para dizer, é muito rápida a coisa, vamos torcer para que a mudança seja sempre para preços mais altos”, finaliza Gallassini.

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