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Cotação de bezerros anima pecuarista mineiro

Valor da arroba do bezerro supera a do boi gordo


A cotação média do bezerro, no mercado brasileiro, aumentou mais de 80% nos últimos quatro anos, alcançando o preço médio de R$ 638,65 no primeiro semestre de 2009. No mesmo período de 2006, a avaliação média foi de R$ 347,36. Os dados foram divulgados pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e organizados pela Secretaria da Agricultura.

Para o secretário Gilman Viana, “os números mostram uma vigorosa recuperação de preços.” Ele acredita que “a procura de bezerros para a reposição dos rebanhos deve continuar maior que a oferta existente, com a perspectiva de manutenção de um mercado firme”.

Viana explica que o quadro de preços do bezerro varia de acordo com a sazonalidade da pecuária de corte, e os períodos favoráveis ou desfavoráveis não têm sempre a mesma duração. “No Brasil, os ciclos se repetem geralmente, no setor, a cada sete ou oito anos, principalmente por causa das condições climáticas. O período inicial corresponde à fase em que o bezerro é valorizado e estimula o produtor a reter matrizes para produzir mais bezerros.”

O secretário diz ainda que, nos momentos de retração do mercado da pecuária, o produtor tem que vender matrizes para completar sua receita, e isso leva a uma oferta menor de bezerros. “Este é um instrumento compulsório da recuperação de preços, e assim a atividade mantém atualmente um equilíbrio apesar da crise econômica mundial”, assinala.

Segmento atraente

Os pecuaristas mineiros que se dedicam à venda de animais novos concordam com a perspectiva de manutenção de um mercado firme nesse segmento. Além disso, acreditam que haverá aquecimento do mercado de boi gordo depois da superação da crise econômica mundial.

Para o produtor Ernane Durães, que tem propriedade em Curvelo, na região Central de Minas, a situação é mais favorável atualmente para os criadores que podem oferecer animais desmamados para corte na faixa de seis a sete arrobas. “Animais com esse peso e que apresentem uma alta qualidade genética alcançaram até R$ 80,00 por arroba em leilão realizado em julho no município de Curvelo”, ele explica.

Durães observa que, no início do ano, o comércio de bezerros garantiu uma receita mais alta. “Em janeiro e fevereiro deste ano o bezerro alcançou na região Central uma cotação de até R$ 100,00 por arroba”, ele informa. Para o produtor, o melhor negócio agora é comercializar bezerras para leite F1 (ou meio sangue), porque elas ainda estão com uma cotação alta e em muitos casos o preço de um animal pode alcançar até R$ 1,5 mil.

Já o mercado do boi terminado para abate está retraído, com a arroba cotada no máximo a R$ 74,00 pelos frigoríficos, diz o pecuarista.

Por causa do mercado retraído do boi gordo, Moacir José da Silva, tradicional pecuarista do segmento de engorda com propriedade no município de Augusto de Lima, região Central de Minas, decidiu vender bezerro este ano. “O comércio de bezerros melhorou muito nos últimos três anos”, ele explica e confirma que a venda de animais de melhor qualidade, como os garrotes brancos, alcançou nesse período a cotação de até R$ 100,00 a arroba. De acordo com Silva, é mais vantagem trabalhar com bezerros porque a arroba do boi gordo caiu de R$ 85,00, há alguns meses, para menos de R$ 75,00. “Ao mesmo tempo enfrentamos o aumento progressivo dos custos de engorda do animal, principalmente mão-de-obra”, enfatiza o produtor, que ainda assim acredita na melhoria do mercado do boi, “porque há sinais de superação da crise econômica”.

Base da pecuária

“A produção de bezerros de qualidade é a base da pecuária”, explica o coordenador de bovinocultura de Corte da Emater-MG, José Alberto de Ávila Pires. O rebanho mineiro conta com 22,5 milhões de bovinos e representa 11,27% do rebanho total do Brasil, informa a Secretaria da Agricultura. Ávila Pires observa que do total desses animais, no Estado, cerca de 10 milhões são fêmeas em idade de reprodução. São 7,5 milhões de vacas e 2,5 milhões de novilhas acima de 24 meses de idade. “Essas fêmeas produzem por ano, aproximadamente, 5 milhões de crias, metade fêmeas e metade machos, e 7,5 bilhões de litros por ano, garantindo para Minas Gerais a posição de maior estado leiteiro do país, ou 30% da produção nacional”, acrescenta o coordenador.

Ávila Pires observa que a valorização do bezerro deve atender à necessidade, cada vez maior, de produzir carne de qualidade para o mercado interno e externo. “Ao mesmo tempo é preciso fortalecer o segmento de matrizes”, acrescenta o coordenador, lembrando que “com esse objetivo, a Secretaria da Agricultura estimula a produção simultânea de bezerros de corte e de leite. “Os confinadores de bois não têm vacas, por isso alguém precisa produzir as matrizes que ofereçam também bezerros de corte de alta qualidade”, finaliza.

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