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Cotações da soja estáveis em Chicago

Importações chinesas mantidas em 96 milhões de toneladas



Foto: Divulgação

As cotações da soja em Chicago ficaram estáveis durante esta segunda semana de junho. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (11) em US$ 8,66/bushel, contra US$ 8,67 uma semana antes. A expectativa do mercado era para com o relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado justamente no dia 11/06. Porém, este relatório praticamente nada de novo trouxe.

Análise semanal da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário - CEEMA

O mesmo apontou os seguintes números para a safra 2020/21: 

1) Uma safra futura estadunidense de 112,3 milhões de toneladas, com estoques finais para o ano em 10,8 milhões, este com leve recuo em relação a maio; 

2) Safra mundial de soja em 362,8 milhões de toneladas, com estoques finais em recuo de dois milhões de toneladas, a 96,3 milhões; 

3) Importações chinesas mantidas em 96 milhões de toneladas;

4) Safra brasileira de soja em 131 milhões de toneladas e a da Argentina em 53,5 milhões para o novo ano;

5) Preço médio aos produtores estadunidenses de soja mantido em US$ 8,20/bushel, após US$ 8,50 em 2019/20. 

Dito isso, os embarques de soja estadunidense na semana encerrada em 4 de junho vieram menores do que o esperado pelo mercado. O total chegou a 213.047 toneladas, levando o total exportado, em todo o ano comercial atual, a 35,6 milhões de toneladas, ou seja, 2% acima do registrado no mesmo período do ano anterior. (cf. USDA)

Quanto ao plantio, o mesmo atingia a 86% da área estadunidense até o dia 07/06, contra 79% na média histórica para esta época do ano. Quanto à qualidade das lavouras semeadas, 67% com germinação confirmada, enquanto 72% estavam entre boas a excelentes, 24% regulares e 4% entre ruim a muito ruim. Mesmo com a ameaça de uma segunda onda da pandemia do Covid-19 a economia mundial tenta reagir, com a abertura lenta dos mercados mundiais. Isto está ajudando a manter os preços da soja nos atuais patamares. Somente a China, em maio, aumentou suas importações de soja em 27,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado, atingindo um total de 9,38 milhões de toneladas compradas no mês passado.

Em abril a importação havia ficado em 6,71 milhões de toneladas. Em março e abril, sob o impacto do coronavírus e de dificuldades logísticas, as importações chinesas diminuíram bastante, levando os estoques locais do grão e do farelo a recuarem para volumes mínimos. Isso levou muitas trituradoras de soja a pararem suas operações. A partir de maio ocorre uma recuperação o qual, espera-se, continue nos próximos meses. Neste sentido, operadores de mercado esperam que a China importe ao redor de 9 milhões de toneladas de soja mensais em junho e julho, superando as médias para estes meses.

No Brasil, diante de um câmbio que rompeu o piso dos R$ 5,00 por dólar, chegando mesmo a R$ 4,88 em alguns momentos da semana, os preços da soja voltaram a ceder um pouco, embora as cotações em Chicago se mantivessem estáveis e os prêmios nos portos firmes. Com isso, a média no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 95,81/saco. No Paraná o mercado trabalhou com preços ao redor de R$ 88,00/saco, enquanto em Rondonópolis (MT) o produto ficou em R$ 96,50; em Maracaju (MS) a R$ 92,00; em Rio Verde (GO) a R$ 85,00 e em Luiz Eduardo Magalhães (BA) o saco de soja fechou a semana em R$ 90,00. Já em Paranaguá (PR), a soja disponível fechou em R$ 101,00 e para fevereiro de 2021 em R$ 97,00. Em Rio Grande (RS), o disponível em R$ 99,30 e para fevereiro/21 em R$ 96,50.

E no porto paulista de Santos, produto disponível em R$ 105,00 por saco. Com o recuo nos preços, o nível de negócios diminuiu nestes últimos dias no país. Também conta para isso o fato de que praticamente 88% da safra passada já ter sido comercializada até 05 de junho (média histórica de 70% para esta data), não havendo muito produto a vender. Hoje sobrariam 12% da última safra para atender o esmagamento, as sementes e o conjunto da demanda interna, até a próxima colheita, a qual se iniciará apenas em fins de janeiro próximo. Por outro lado, a comercialização da futura safra 2020/21 igualmente aumentou bastante, atingindo a 33% do total esperado, em 05/06, contra 9,6% na média histórica. 

Por outro lado, na Argentina o governo estaria nacionalizando o Grupo Vicentin, pois o mesmo estava à caminho da falência. A referida empresa é um dos grandes players locais no comércio de grãos. Segundo analistas, com a estatização, a Argentina deverá liderar o comércio de soja na América do Sul, vendendo especialmente para a China, que até o mês passado era nosso principal parceiro comercial (fomos superados justamente pela Argentina). Alguns chegam a afirmar que a tendência será de o Brasil passar a ter excedentes de soja, sendo obrigado a vender com preço mais baixo no mercado mundial. Por enquanto, consideramos exageradas estas projeções, porém, efetivamente o quadro poderá mudar no Cone Sul da América se o Brasil não souber fazer frente aos novos tempos que parecem estar surgindo pós-pandemia.

Em paralelo, o IBGE informou seu novo levantamento de safra para 2020, indicando que a última safra nacional de soja realmente ficou em 119,4 milhões de toneladas, após a quebra ao redor de 50% no Rio Grande do Sul, confirmando nosso sentimento exposto em comentários passados. Mesmo assim, a safra teria sido 5,2% acima do volume registrado em 2019. Vale ainda ressaltar que o IBGE continua com uma safra gaúcha superdimensionada ao indicar 11,2 milhões de toneladas para a mesma, quando na prática, em relação ao ano anterior, a mesma teria ficado ao redor de 10,2 milhões de toneladas. Nota-se que há diferenças entre as estatísticas dos diferentes órgãos públicos brasileiros, já que a CONAB informou em seu recente levantamento que a safra gaúcha teria ficado em 10,85 milhões de toneladas, contra 19,2 milhões no ano anterior.

Enfim, os embarques brasileiros de soja melhoraram em abril, em plena pandemia da Covid-19, atingindo o recorde de 16,3 milhões de toneladas, contra 11,6 milhões de toneladas de março.

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