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Cotonicultura: 20 mil demissões em MT

Cultura é a que mais emprega pessoas no campo no Estado. Segmento necessita de R$ 2,11 bi para custear a safra 08/09


A crise da falta de crédito, aliada ao problema do endividamento rural e aos altos custos de produção, poderá gerar cerca de 20 mil demissões no setor algodoeiro de Mato Grosso neste final de ano. Este contingente representa 33% de toda a mão-de-obra empregada no campo – 60 mil pessoas.

O alerta foi feito ontem pelo presidente da Câmara Setorial do Algodão, Sérgio De Marco, que deverá entregar hoje ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephannes, documento com as principais reivindicações do setor. Por conta da falta de crédito e do alto nível de endividamento, De Marco estima que a redução na área do algodão poderá ficar acima de 40% na próxima safra.

“Queremos disponibilidade de crédito para atender às demandas por ACCs (contratos de adiantamento de câmbio) e alongamento dos pagamentos desses contratos para 445 dias”, afirmou De Marco. O prazo atual para a amortização dos ACCs é de 365 dias.

“O setor emprega muito mais gente do que qualquer outra atividade econômica”, diz o vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Carlos Augustin, que ainda não tem um levantamento exato sobre o número de demissões no setor.

Os produtores defendem ainda a “equalização” do passivo dos produtores inadimplentes e prorrogação das dívidas rurais, crédito para plantio e recursos para o Pepro (Prêmio de Equalização pago ao Produtor).

“O setor algodoeiro está necessitando de crédito para plantar a safra. Os bancos internacionais, que são os grandes financiadores, fecharam as portas e o produtor não tem onde buscar os recursos”, explica De Marco.

Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) aponta a necessidade de R$ 2,11 bilhões para o plantio da safra de algodão, que tradicionalmente tem início em dezembro no Estado. Este dinheiro destinado ao custeio, deverá ser utilizado no pagamento de despesas operacionais de “giro rápido”, como combustíveis, mão-de-obra, manutenção e conserto de equipamentos. “Sem este dinheiro não tem como começarmos o plantio”.

De Marco informou que hoje os ministros Reinhold Stephannes (Agricultura) e Guido Mantega (Fazenda) reúnem-se em Brasília para discutir a prorrogação das dívidas vencidas no último dia 15 de outubro. O governo federal poderá anunciar a prorrogação dos débitos por mais dois anos.

CAMPO - “A atividade movimenta muitos trabalhadores diretamente. Temos tratoristas, colhedores, mecânicos e ainda o pessoal que trabalha na capina da lavoura, cobertura, aplicações, dissecação, maturação, fardos, transporte até à prensa e à usina e muitos outros. As operações são mais complexas e demandam um número bem maior de trabalhadores”, diz.

Augustin informou que hoje o relator da Comissão de Orçamento da União, senador Delcídio Amaral, de Mato Grosso do Sul, estará no gabinete do senador mato-grossense Gilberto Goellner, onde assistirá a uma explanação sobre as necessidades dos cotonicultores em relação à safra 2008/09. “Vamos mostrar o que precisa ser feito para evitarmos o pior”, alerta.

EXPORTAÇÃO - De acordo com o senador Gilberto Goellner, além da falta de crédito, as linhas de exportação estão paralisadas, os preços estão incompatíveis com a logística do Estado e os níveis de endividamento estão elevados. “Todos os indicadores são desfavoráveis neste momento. O governo precisa sinalizar com leilões antecipados de Pepro e PEP, com subvenção ao frete para compensar a logística de Mato Grosso e os altos custos de produção”, sugeriu o senador.

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