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CPACR rejeita proposta da Acrimat

A proposta demanda que 50% dos recursos do Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO) sejam dedicados à bovinocultura de corte e deste montante, 50% seja exclusivo para a cria


A Câmara de Política Agrícola e Crédito Rural do Estado (CPACR/CDA-MT) rejeitou a proposta apresentada pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) que pleiteava que 50% dos recursos do Fundo Constitucional do Centro Oeste (FCO) sejam dedicados à bovinocultura de corte e deste montante, 50% seja exclusivo para a cria. A 17ª Reunião Ordinária da Câmara reuniu vários representantes do segmento produtivo e teve como objetivo alinhar quais áreas serão contempladas com investimentos no próximo ano. Após a recusa em atender à demanda, pecuaristas vislumbram mais um ano de problemas.

As dificuldades enfrentadas pela pecuária de corte, em Mato Grosso, são mais intensas e perceptíveis quando se trata do segmento da Cria. Há algum tempo a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) vem denunciando a baixa rentabilidade da atividade e as consequências que irão acometer toda cadeia produtiva da carne, como o envio de fêmeas para o abate, que chegou a superar a participação de machos e que irá comprometer o abastecimento do mercado de boi gordo nos próximos dois anos. Em números, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta somente este ano, até agosto, 2,01 milhões de fêmeas foram abatidas. Em 2010, ao longo de todo o ano, este número foi de 1,47 milhão.

A decisão de enviar a vaca para o frigorífico é fruto da desvalorização do preço do bezerro nos últimos anos. O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, explica que quando o valor pago pelo bezerro passa a ser inferior ao custo de manutenção da vaca no pasto, o produtor fica sem alternativa e precisa reduzir seu plantel. “Se o preço do bezerro não remunera, o pecuarista se livra da vaca, pois não consegue mantê-la”.

O relatório do Acrimat em Ação 2013, realizado a partir de uma pesquisa elaborada e analisada pelo Imea, aponta que 26% dos pecuaristas realizam cria e 58% o ciclo completo, ou seja, 84% dos produtores do Estado estão na atividade que menos remunera e que são as mais carentes de atenção.

Para garantir a permanência da maioria dos produtores na atividade de pecuária de corte e principalmente de cria, a Acrimat elaborou uma proposta de financiamento para este segmento. A iniciativa da Acrimat é devido à importância que a atividade possui dentro da cadeia produtiva da carne. O presidente da Associação, José João Bernardes, destaca que o bezerro é o principal agente da pecuária, pois ele representa a continuidade da produção de proteína vermelha. “Somos uma associação que representa os criadores e para eles que desenvolvemos nossas ações”.

O economista e consultor técnico da Acrimat, Amado de Oliveira, explica que a proposta de financiamento é a única alternativa para o Estado, caso contrário, faltarão animais para engorda e consequentemente carne nas gôndolas de supermercados. “Se não voltarmos à atenção para a cria, não teremos mais produção de bezerros e sem bezerro não há pecuária de corte”.

Rejeição - “É lamentável vermos que não temos apoio das entidades para garantir a renda da maioria dos pecuaristas. A cria reúne mais de 70% dos produtores e eles estão deixando a atividade para não perder tudo que tem”, comenta Amado de Oliveira.

Para o superintendente da Acrimat esta derrota não implica na desistência do projeto. “Possuímos estudos que comprovam esta necessidade e vamos buscar outros caminhos para garantir recursos para a pecuária. Infelizmente os olhos dos líderes estão voltados somente para a agricultura, mas é da proteína vermelha que todos precisam na hora de se alimentar. Somente a Acrimat levou uma proposta, e mesmo assim não foi aceita”.

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