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Crédito farto cria fila para compra de tratores

As indústrias registram vendas cerca de 40% superiores ao mesmo período do ano passado - incluindo colheitadeiras


O bom momento do agronegócio brasileiro está fazendo o produtor investir mais em maquinário. O resultado é que a compra de um trator novo está tão acirrada quanto a de um carro de modelo concorrido ou de lançamento: a fila de espera já alcança até 90 dias. As indústrias registram vendas cerca de 40% superiores ao mesmo período do ano passado - incluindo colheitadeiras.


"Quem tinha intenção de comprar, comprou. Quem deixou para mais tarde, teve de enfrentar fila", diretor-comercial da John Deere no Brasil, Werner Santos. Segundo informou, a fábrica de tratores está com a programação toda tomada – por um prazo de 60 a 90 dias. Apesar do bom momento, Santos afirma que o volume ainda não é igual ao de 2004, no "boom" da soja. Além disso, segundo ele, o setor já passou por uma boa renovação, oriunda do crédito do Moderfrota, o que significa que as vendas crescerão em um "ritmo mais lento". "Em 2004, a fila de espera foi maior", assegura Santos.

"O produtor está se antecipando", diz o diretor-comercial da New Holand no Brasil, Luiz Feijó. Segundo ele, alguns fizeram os pedidos até 120 dias antes do uso. Feijó diz que quem está investindo neste ano é aquele produtor que nas duas últimas safras, por questões financeiras, não conseguiu modernizar a frota. "Para alguns modelos, tem fila de espera", assegura. Mas acrescenta que, diferentemente de um carro, quando a entrega pode ser feita em qualquer momento, se a espera for grande, o produtor não compra ou muda de modelo. "De uma certa maneira, está difícil encontrar trator com prazo menor que 90 dias", diz o diretor de Operações Comerciais da AGCO, Carlito Eckert.
O diretor-comercial da John Deere no Brasil acredita que, pela venda de plantadeiras, haverá um cultivo maior na safra de verão e o resultado será sentido também na comercialização das colheitadeiras – que inicia neste segundo semestre. Para Santos, na safra 2008/09 apenas os produtores de algodão não devem investir pesado – ele acredita que as vendas neste segmento fiquem estabilizadas – em virtude dos preços não serem remuneradores para o setor. Até agosto, a indústria comercializou 40% mais tratores e 50% mais colheitadeiras.

Prognóstico otimista

"Para 2009, a nossa perspectiva é de as vendas se manterem crescentes, até porque existe um segmento novo que estava fora do acesso", diz o diretor-comercial da John Deere, referindo-se ao Programa Mais Alimentos (ver matéria abaixo). Ele acredita que 10% das vendas da empresa no ano-comercial (novembro a outubro) vão para este segmento. Já Feijó, da New Holand, projeta que parte desse incremento das vendas de tratores em 2009 virá deste novo segmento a ser atendido. Opinião semelhante tem Eckert. "Metade das vendas para este segmento será de incremento", afirma.


Outro fenômeno verificado no setor de máquinas, de acordo com Eckert, é o fim da sazonalidade, com o aumento da segunda safra de milho. "Neste momento já há um bom movimento por colheitadeiras para que o produtor consiga plantar o milho safrinha e isso vai se refletir depois no maquinário desta lavoura", afirma o diretor de Operações Comerciais da AGCO. Um dos segmentos de aposta das empresas do setor é o arrozeiro. "Tivemos de dar um incremento na produção para atender a demanda", diz Feijó. Para o ano que vem, Feijó não estima percentual de venda tão grande como em 2008, porque a base de comparação será maior. Feijó acredita que em 2008 a venda total de trator do setor supere o boom de 2004, quando foram 28,6 mil unidades, mas a de colheitadeiras (5,59 mil) não. As vendas maiores não significam preços reajustados, segundo as empresas.
Lançamentos

Durante a 31 Expointer, em Esteio (RS), aquela que promete ser a grande "vedete" é uma máquina que ainda não está no mercado. A AGCO trouxe à feira o primeiro trator brasileiro com motor "flex". Trata-se de uma máquina com 75 cavalos de potência que tem dois tanques de combustíveis: um para etanol e outro para diesel (ou biodiesel). Mas, diferente do carro flex a mistura do combustível só ocorre no momento de combustão e o uso do álcool pode chegar a 60%. A novidade, no entanto, só deverá estar no mercado em um período de 18 meses – a tecnologia é uma parceria com a MWM International e a Delphi.

A John Deere trouxe quatro lançamentos – incluindo um trator específico para o Programa Mais Alimentos. Uma das novidades da empresa é um trator para a fruticultura – que pode ser usado também em cafezais - com a largura reduzida. O engenheiro de vendas da indústria, Paulo Verdi, explica que a John Deere ainda não estava neste mercado. "Entre as grandes, era a única", diz. A empresa também adaptou uma colheitadeira de propriedades de grande porte para de médio – cerca de 600 hectares – com tecnologia axial (que proporciona maior capacidade de produção e melhor qualidade do grão). Entre os lançamentos, há ainda um pulverizador preparado para a agricultura de precisão (piloto automático), o que proporciona a economia do uso do agrotóxico.
O lançamento da New Holand é uma colheitadeira "atualizada" (com melhorias que proporcionam um melhor rendimento na colheita).

A repórter viajou a convite da Gerdau

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