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Crescem as exportações de cachaça artesanal


O mercado brasileiro de cachaça artesanal vive seus melhores dias. Após mais de meio século concentrada em Minas Gerais, a produção da bebida se expandiu por todo o País e hoje é encontrada no Espírito Santo, Paraíba, Goiás, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Maranhão, Piauí, São Paulo e Ceará. São 36 mil produtores que fabricaram 300 milhões litros de cachaça pura de alambique em 2002, gerando negócios de R$ 900 milhões. Para este ano, a meta é elevar a produção em 66,6%, para 500 milhões de litros, segundo projeções da Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique (Fenaca).

Não é só no mercado interno que a presença dos produtores artesanais vai crescer. As exportações do segmento, que somaram 300 mil litros em 2002, devem saltar para 500 mil litros este ano. Entre os principais compradores mundiais do produto destacam-se a Alemanha, Inglaterra, Portugal, Itália e Estados Unidos. Com isso, as vendas de cachaça no exterior devem atingir 20 milhões de litros em 2003, um crescimento de 30% em relação ao volume exportado no ano passado, quando o Brasil vendeu - somando os embarques de aguardente industrial e artesanal - 14,8 milhões de litros, com divisas de US$ 14,5 milhões.

Maior receita

Neste ano as vendas devem gerar receita de US$ 25 milhões. Em 2002 o Brasil produziu 1,3 bilhão de litros de aguardente (industrial e artesanal), volume que saltará para 1,5 bilhão de litros este ano, um aumento de 15% sustentado pelo aumento da produção artesanal, segundo estimativas de Dirlene Maria Pinto, que é presidente da Cooperativa dos Produtores de Cachaça de Minas Gerais (Coocachaça) e uma das organizadoras da Feira Brasil Cachaça, que será realizada em São Paulo.

O principal produtor artesanal ainda é Minas Gerais, que soma 8 mil produtores e produz 200 milhões de litros por ano, ou seja, mais de 60% da produção brasileira.

Processo de produção

Grande apreciador de cachaça, Carlos Eduardo Pintucci avaliou minuciosamente o mercado antes de começar a produzir a aguardente 100 Limite, em 1989.

Resultado: hoje o produtor é um dos poucos do Brasil que envelhece a bebida em tonéis de amendoim, uma das 62 variedades de madeira brasileira aptas ao processo. "O envelhecimento na variedade amendoim produz bebida sem o sabor acentuado de madeira, o que favorece consumo da cachaça pura, com gelo, gelada, ou em caipirinha."

O cuidado na escolha do tonel se justifica. No Brasil ou em qualquer outro país do mundo o consumo da cachaça é sustentado pelo consumo de caipirinha. E a cachaça produzida por Pintucci é ideal para a bebida. Na Fazenda do Timbó, município de Careaçu, em Minas Gerais, é produzida a 100 Limite, comercializada em três versões: rótulo prata, com envelhecimento de um ano, rótulo ouro, envelhecimento de três anos, e rótulo preto, envelhecida por oito anos. A produção estimada para este ano é de 60 mil litros, "10 mil dos quais tenho planos de exportar para Portugal", diz Pintucci. Em 2004 a produção deve chegar 80 mil litros. Além, da madeira amendoim, o jequitibá e a grapia também são recomendados à produção de cachaça de sabor mais suave. Já o bálsamo, a amburana e o carvalho são indicados à produção de aguardente que serão degustadas em sua forma pura.

Os preços da 100 Limite ao consumidor final oscilam em R$ 12 (prata), R$ 20 (ouro) e R$ 42 (preto). Os altos valores se devem aos altos custos de produção. Programas de controle de qualidade a exemplo do modelado pela Associação Mineira dos Produtores de Aguardente de Qualidade (Ampaq) certificam com selo que qualidade a produção verdadeiramente artesanal, e produzir de maneira artesanal custa caro: a começar pela colheita da cana, que deve ser manual e sem queima; o produto deve ser moído no mesmo dia da colheita; a fermentação tem de ser natural; além disso os primeiros 5% e os últimos 25% da bebida que estão sendo destilados devem ser descartados de maneira a preservar a pureza da cachaça; por fim o produto deve ser envelhecido por, no mínimo, um ano.

Espelhados nos programas de incentivo à produção e à qualidade que vem rendendo bons resultados em Minas outros estados estão iniciando a produção de cachaça artesanal. É o caso, por exemplo, da Paraíba, já reconhecida como terceiro maior produtor do Brasil, com 10 milhões de litros estimados para este ano, prevê a Associação Paraibana dos Engenhos de Cana-de-açúcar. Outro destaque é o Rio Grande do Sul, onde a produção foi iniciada há cinco anos. A empresa Luma produz a cachaça Vida Buena há dois anos.

"Nossa produção vai crescer 30% este ano, para 13 mil litros", diz Luís Anildo Reder, diretor da empresa.

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