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Criadores começam a desistir da atividade

Vista Gaúcha foi o primeiro município gaúcho a decretar Situação de Emergência


Vista Gaúcha foi o primeiro município gaúcho a decretar Situação de Emergência, ainda na última quarta-feira

O presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador aponta como grave a situação dos suinocultores gaúchos. “Eles estão trabalhando com prejuízos que estão inviabilizando a atividade que está dentro de 10 mil propriedades rurais no Estado”, disse o dirigente. Segundo ele, hoje para produzir um quilo de suíno o produtor tem que investir R$ 2,60, mas quando vende recebe em média R$ 1,70 por quilo do animal.


Por conta deste cenário, na manhã de quarta-feira, 4, Vista Gaúcha decretou Situação de Emergência, devido a crise que se instalou na suinocultura. Este foi o primeiro município do Rio Grande do Sul a decretar SE. Conforme o secretário de Administração, Ademir Gonçalves Vieira, este foi o primeiro de muitos. “Sabemos que Nova Candelária, Rodeio Bonito, Pinhal também estão se preparando para decretar SE. A partir de agora será uma avalanche de municípios entrando nesta situação. Em Santa Catarina já são nove cidades nesta condição”, diz

Conforme Vieira, a suinocultura representa 60% do retorno do município e, a pecuária num todo 85%. A maior parte dos criadores já não está mais lotando os chiqueiros o que pode se transformar em um problema econômico e social.

A crise no setor vem se arrastando há dois anos, mas agora vive seu auge. “Depois da estiagem no verão que assolou o Estado e, Vista Gaúcha também decretou SE pelas perdas, devido a queda acentuada na produção de grãos, a alimentação dos animais teve um reajuste de preço, enquanto que o valor pago ao criador pelo recuou. Hoje é um prejuízo de R$ 90,00 por suíno e assim, os criadores não conseguem mais permanecer na atividade. Por isso, grande parte está desistindo da suinocultura, optando por outras atividades e também gerando o êxodo rural”, conclui.

Audiência Pública
Os produtores devem participar no próximo dia 12 de uma Audiência Pública no Senado Federal, data em que também realizarão um manifesto em frente ao Ministério da Agricultura. “Brasília precisa ouvir o grito de desespero pelo qual os nossos suinocultores estão passando. Quem está pagando a conta do desequilíbrio entre o consumo e a produção da carne suína são os produtores que definitivamente chegaram ao fundo do poço”, comentou Valdecir Folador. Ele lembra ainda que o consumidor, na hora de pagar pela carne que leva, desembolsa um valor considerável pelo quilo, enquanto na outra ponta fica o prejuízo. “Tem alguém que está ficando com o lucro de todos”, questiona o presidente da associação.


Entre os motivos do problema enfrentando pelo suinocultor, ele destaca uma sequência de notícias de que novos mercados no exterior estavam sendo abertos para a carne suína brasileira. “A categoria precisa primeiramente ver concretizados os negócios no exterior para depois partir para novos investimentos, como o de ampliação de produção de suínos. É urgente uma reorganização do nosso sistema de produção de animais que sobram dentro dos chiqueiros. No momento não está havendo uma fórmula de gerenciamento, que possa reduzir as despesas de produção até o patamar do valor de mercado de um quilo da carne suína, produzida dentro da propriedade rural”, comenta Folador.

Ele lembra que o produtor não consegue mais obter renda para o sustento da própria família, o que está levando alguns produtores a venderem matrizes para reduzir as despesas. De acordo com o presidente da Acsurs, os primeiros casos de desistência da atividade já foram registrados. “Não há menor dúvida de que mais produtores vão trocar de atividade”, completa.

O Rio Grande do Sul produz cerca de 650 mil toneladas de carne sina por ano, abatendo perto de sete milhões de cabeças de suínos.

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