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Crise afeta preços do suco de laranja

Valor do produto no mercado internacional teve queda de 50%; no Paraná, rentabilidade menor não desanima setor


Diante da queda de 50% no preço da tonelada de suco de laranja no mercado mundial, produtores integrados à cooperativa Corol, de Rolândia, decidiram estocar o produto processado na atual safra e esperar melhor remuneração. De acordo com Eliseu de Paula, presidente da cooperativa, no ano passado a indústria recebeu US$ 1,8 mil por tonelada de suco. Neste ano, o preço caiu para R$ 900. "O dólar cotado a R$ 1,80 também colabora para remunerar ainda menos o produtor", considerou.

Aproximadamente 320 produtores cooperados produzem o cítrico em uma área de 6,5 mil hectares (ha) entre Rolândia e Cornélio Procópio. Conforme Eliseu, os agricultores, que chegaram a receber R$ 8,00 por caixa na safra passada, estão vendendo o produto por no máximo R$ 4,00 neste ano. O valor paga o custo com colheita e transporte, mas gera prejuízo quando é contabilizado o custo de produção.

"Estamos colhendo porque a produção faz parte de um projeto que integra produtores e indústria por meio da cooperativa, o que acaba dando algumas garantias aos citricultores. Mas vamos armazenar e esperar reação do mercado para comercializar", reforçou.

A queda nos preços resulta da crise econômica enfrentada pelos países europeus - principais consumidores do suco brasileiro. "As pessoas estão comprando menos suco por falta de dinheiro. Além disso, há uma mudança de hábitos com relação ao consumo", opinou.

Eliseu de Paula minimizou as consequências da crise de preços para a região. "Temos pomares cultivados e uma indústria implantada. Na média dos últimos 15 anos, a remuneração da laranja sempre foi boa."A diversificação das propriedades por meio do cultivo de uva, café, cana-de-açúcar, soja e milho, entre outros exemplos, também garantiria rentabilidade aos produtores apesar do prejuízo com os cítricos.

Para o cooperativista, a queda na produção das lavouras de São Paulo - maior produtor nacional - deve melhorar o mercado na próxima safra, equilibrando melhor a oferta e a demanda pela fruta. Ele também esclareceu que, ao contrário dos citricultores do estado vizinho, os paranaenses estão menos suscetíveis à doença greening, que tem vitimado pomares paulistas, levando muitas vezes à erradicação.

No Paraná, segundo o presidente da Corol, os focos do greening são isolados e estão sendo monitorados por equipes da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento. Como o clima paranaense é mais ameno e os solos são mais argilosos, as plantas seriam menos suscetíveis à contaminação.

Além da crise financeira mundial, o crescimento de outros produtos - como mix de sucos cítricos - também afetou os preços do mercado da laranja, segundo a gerente comercial de frutas e sucos da Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá, Márcia Santin. Ela também aponta que quando a safra 2008/09 teve início, em junho do ano passado, o preço da tonelada do suco concentrado chegava a US$ 1,7 mil, porém na metade do período foi reduzido quase pela metade. ""O valor foi caindo mês a mês e em janeiro estava próximo de US$ 950"", lamenta.

Apesar da redução dos preços, Márcia afirma que os citricultores associados à Cocamar, em torno de 300, continuam produzindo normalmente, com a mesma tecnologia e recebendo as orientações da cooperativa. "Essa situação é difícil mas ainda não refletiu no interesse do produtor, o desânimo não chegou à produção", garante a gerente da Cocamar. A área plantada da cooperativa é de 8,2 mil hectares. A expectativa da Cocamar, por sua vez, é de produzir nesta safra cerca de 4,2 milhões de caixas de 40,8 quilos cada, o que resulta em um volume 20% a mais que da última colheita.

Segundo ela, a atual safra, que começou no último mês de junho servirá para ajustar o mercado, no que diz respeito a demanda e preço. A safra 2009/10, acrescenta, é uma incógnita, um período de transição em que será analisado o comportamento do mercado. Márcia acredita que seja possível equilibrar oferta e demanda. ""Daqui para frente começa uma nova história", resume. Márcia ainda explica que no Paraná, a safra de laranja é boa. "Mesmo em épocas ruins a citricultura tem dado bons resultados"", observa, completando que isso é o que anima os produtores.

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