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Crise de renda exige ampliação no prazo dos financiamentos agrícolas


O setor rural está enfrentando uma crise de renda e precisa de maior prazo para pagar empréstimos oficiais tomados para custeio e de investimento. Essa foi a conclusão de reunião realizada nesta terça-feira (22-02) na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) com representantes das Federações de Agricultura dos principais Estados produtores de grãos. Segundo explicou o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Macel Caixeta, os preços pagos pelo mercado pelos grãos não estão cobrindo os custos de produção. Paralelamente, os produtores enfrentaram alta dos preços dos insumos e neste início de ano têm a comercialização de grãos prejudicada devido à cotação cambial desfavorável.

“Devido à combinação desses problemas, os produtores estão enfrentado dificuldades e não conseguem pagar o custeio da lavoura”, diz Caixeta. A CNA vai preparar uma proposta formal de alongamento do prazo de pagamento das dívidas e encaminhar ao Governo em curto prazo. O dirigente da CNA cita como exemplo o trigo irrigado, de melhor qualidade, que tem preço mínimo definido pelo Governo de R$ 400 por tonelada, mas o mercado oferece, atualmente, no máximo R$ 320 por tonelada ao produtor.

No caso do trigo, a defasagem entre o preço de mercado e os custos de produção supera a marca de 20%. No Paraná, por exemplo, há aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de trigo prontas para negociação, mas os preços oferecidos pelo mercado estão muito abaixo dos custos de produção, dificultando a comercialização. “Desde o ano passado, acumulamos aumento dos custos de produção em mais de 30%, em movimento acompanhado em queda dos preços dos grãos em mais de 50%. É por isso que os produtores entram em dificuldades e não conseguem pagar o custeio da lavoura”, afirma Caixeta.

“Nossa proposta é que do total da dívida de custeio de 2005, os produtores paguem parcela de 20%, e o restante em outras quatro parcelas anuais de 20%”, diz Caixeta. Dessa forma, os agricultores teriam um pouco mais fôlego, este ano, para driblar a crise de renda. Outra proposta a ser encaminhada ao governo é que as parcelas de 2005 e 2006 de créditos de investimento tenham vencimento postergado para o final do plano de pagamento. Em 2005, os créditos de investimento em vencimento são de cerca de R$ 4 bilhões. “Não queremos deixar de pagar, mas sim ter condições para continuar produzindo”, diz o dirigente da CNA. A valorização do real frente ao dólar também contribui para deteriorar as condições de comercialização da safra. “Quando preparamos o plantio e compramos os insumos, o dólar valia entre R$ 3,10 e R$ 3,20. Hoje, quando estamos já na comercialização da safra, o dólar está a R$ 2,57”, lembra Caixeta. O aumento da safra também ajuda a reduzir cotações, pelo crescimento da oferta. No atual ano agrícola, a safra de grãos deve atingir 131,9 milhões de toneladas, 10,2% a mais que os 119,1 milhões de toneladas da safra 2003/2004.

Para discutir a crise da agricultura, ocorre em dois de março na cidade de Rio Verde (GO) reunião com representantes do setor privado e público. É esperada a presença de governadores e do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Na reunião do início de março, os produtores devem encaminhar formalmente a proposta de que dívidas contraídas com empresas privadas, como tradings e fornecedores de insumos, sejam também prorrogadas, com concessão de 90 dias adicionais para o pagamento.

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