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Crise do trigo traz consequências mundiais

Os campos de trigo do hemisfério norte devem durar pouco


Os pães, as baguetes, as pizzas: os preços de todos os produtos que contém trigo irão aumentar. O preço do trigo subiu devido às condições atmosféricas extremas, os incêndios na Rússia e as especulações nas bolsas de valores. Uma conclusão óbvia: Nós não aprendemos nenhuma lição com a crise alimentar de dois anos atrás

Os campos de trigo do hemisfério norte devem durar pouco. No Canadá, o país do trigo por excelência, as safras estão mais fracas do que o normal em razão das constantes chuvas. Em países produtores de trigo como a Rússia, a Ucrânia e o Cazaquistão, parte das colheitas foi perdida devido à seca extrema.

Na Rússia, os incêndios florestais devastaram um quarto das florestas, motivo pelo qual Moscou decidiu suspender as exportações até o final do ano. A Ucrânia e o Cazaquistão, que juntos representam 30% do mercado mundial de trigo, de acordo com a FAO, também estão considerando proibir as exportações.

Há ainda o nervosismo dos mercados financeiros, afirma o economista holandês especialista em agricultura Niek Koning. “Quando as coisas vão mal no mercado de ações e no mercado imobiliário, um dos mercados ao qual recorrer é o do trigo. Mas se de repente o trigo é objeto de especulação, essa situação pode aumentar significativamente o seu preço.

Esperando pelo Sul

Há menos de dois anos, distúrbios alimentares surgiram em dezenas países após o aumento de 100% do valor do trigo. Uma nova crise está em perspectiva? “O que sabemos agora é que o preço do trigo aumentou cerca de um terço desde junho. Se a situação não mudar, não há necessidade de se preocupar porque as reservas de trigo estão muito boas, graças as colheitas dos últimos dois anos,”diz Koning.

Os piores problemas surgirão apenas se as colheitas nos países do hemisfério sul, como a Austrália e a Argentina, forem igualmente fracas, afirma Niek Koning. E se o nervosismo nos mercados financeiros continuar e as ações caírem, o preço do trigo irá sofrer alterações.

O Egito

Os países do Oriente Médio são os maiores importadores de trigo, e, conseqüentemente os que enfrentam a maioria dos problemas. Niek Koning: “O Egito já havia fechado contratos com a Rússia, mas após a decisão de Moscou de proibir as exportações de trigo, os egípcios deverão comprar o trigo de outros produtores do mercado mundial, como a União Européia, mas a um preço bem mais elevado.”

Os países pobres da Ásia, como Bangladesh e o Leste da Índia, poderão sofrer graves problemas. Uma grande parte da população destas regiões gasta metade do seu orçamento em produtos alimentares. Se o preço do pão sobe rapidamente, haverá conseqüências em breve. É justamente nesses países que há dois anos surgiram distúrbios alimentares.

Para a Holanda, as conseqüências do aumento do preço do trigo são limitadas. Mas, os holandeses não produzem nem um quarto da quantidade trigo consumida. O restante é importado da França, da Alemanha e da Bélgica. E eles terão que pagar um preço mais elevado. Além disso, o preço elevado do trigo é desvantajoso para os agricultores, pois o preço dos alimentos aumentará substancialmente.

Estoques irregulares

Um sistema mundial de estoques irregulares deverá amortizar essas conseqüências do mercado mundial, isso foi dito na última crise do trigo. Mas, segundo o economista Niek Koning na realidade isso não acontece: “O movimento nestes últimos anos foi inverso.

Há 20 anos, os Estados Unidos ainda possuíam as maiores reservas de trigo nas mãos de autoridades do governo. Mas os políticos estão cada vez mais procurando acabar com tais sistemas de controle, aumentando o livre comércio para que este alcance o equilíbrio. Agora isso não está funcionando na prática.”

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