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Crise pode baratear alimentos

Reflexos da desvalorização das commodities nas gôndolas dos supermercados devem ocorrer partir do próximo mês, prevêem especialistas


O agravamento da crise financeira mundial poderá provocar uma queda na cotação das commodities agrícolas. A avaliação é que os índices de baixa destes produtos sejam menores do que os do petróleo, os minérios e os minerais, por exemplo. Segundo especialistas, alguns reflexos desta movimentação negativa devem refletir nas gôndolas dos supermercados a partir do próximo mês. De modo geral, consumidores podem esperar preços menores em produtos derivados como óleo refinado de milho e de soja, fubá e farinhas. Já a tendência para a carne bovina é que a cotação continue alta.

Segundo José Vicente Ferraz, diretor técnico da Agra FNP (instituto privado de análises do agronegócio), a tendência para os preços é de baixa porque uma recessão econômica vai atingir a renda em todo o mundo, o que deverá reduzir o consumo. ‘‘Só que o alimento é mais essencial do que as outras commodities. Uma pessoa pode ficar três, quatro anos sem comprar um carro, mas não pode ficar todo esse tempo sem comer’’, avalia. Além disso, os estoques de passagens mundiais do trigo, da soja e do milho estão baixos, o que colabora para que as cotações não caiam muito.

Na semana passada, o ministro da Agricultura e do Abastecimento, Reinhold Stephanes, disse em Londrina que os preços das commodities agrícolas serão os últimos a cair. Na sua avaliação, primeiramente, devem ocorrer quedas mais expressivas na cotação de commodities utilizadas na fabricação de bens duráveis, como petróleo e minerais. No entanto, também não há perspectivas de preços muito altos, como os atingidos em meados deste ano, porque os especuladores saíram deste mercado, atraídos por investimentos considerados mais seguros, como títulos públicos de governos.

‘‘Cada mercado tem um comportamento e em meio a crise há distorções. O mercado precisa assentar, mas a tendência é que ocorra uma maior recuperação nos preços dos alimentos e dos produtos pecuários’’, observa José Vicente Ferraz. De acordo com ele, o preço da carne bovina não deve cair. ‘‘Os pecuaristas consideram o boi um ativo seguro. Pela nossa experiência de outras crises, os pecuaristas preferem segurar o boi no pasto e só vendem o necessário para pagar contas e, aí, o preço pode subir’’, explica.

O economista Vanderlei Sereia, professor da UEL, lembra que a situação atual é instável e que não há qualquer parâmetro para o curtíssimo prazo (esta semana). ‘‘O mundo está caindo no mercado financeiro, as perdas são incalculáveis. Todos estão assustados e o impacto (da crise) no Brasil é total’’, salienta. Sobre os impactos da crise financeira no mercado interno, ele lembra que os custos de produção agrícola vão subir ainda mais. ‘‘Com certeza isso vai provocar movimentos na próxima safra até com a utilização de menos tecnologia’’, diz.

Sereia comenta que os preços das commodities caíram porque os especuladores saíram do mercado. ‘‘Só que houve uma compensação no curto prazo porque os preços caíram mas a cotação do dólar subiu. Até o final do ano deverão ocorrer pequenas oscilações (nos preços) até porque alguns produtos podem ser absorvidos pelo mercado interno’’, avalia.

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