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Cuiabá sedia seminário sobre impactos das mudanças climáticas na agricultura

Evento deve reunir fazendeiros, empresários, agricultores familiares, lideranças locais e indígenas


Quais serão os riscos e as oportunidades que as mudanças climáticas vão trazer para o Estado de Mato Grosso e a sua agricultura é o que tentarão responder os fazendeiros, empresários, agricultores familiares, lideranças locais e indígenas que vão se reunir com pesquisadores e especialistas no Seminário de Mudanças Climáticas, em Cuiabá, entre os dias 9 e 11 de setembro.

Realizado pelo Instituto Socioambiental (ISA) e Instituto Centro de Vida (ICV), em parceria com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema/MT), o seminário pretende discutir a contribuição do Estado para as modificações no clima e o impacto dessas mudanças na agricultura.

Voltado para atores sociais envolvidos com o agro-negócio, setor industrial, agricultura familiar e questões indígenas, o evento pretende gerar uma agenda comum de trabalho para avaliar os efeitos das mudanças no clima, propor atividades de mitigação e oportunidades de negócios.

– A agricultura têm forte peso na economia brasileira, somos uma potência biodiversa, mas com florestas, ecossistemas e regimes de chuvas vulneráveis ao aquecimento global. Se formos capazes de identificar as vulnerabilidades e trabalhá-las, não vamos ficar a mercê da mera contemplação do apocalipse – afirma Márcio Santilli, coordenador da Iniciativa sobre Mudança Climática do ISA.

O encontro será realizado no hotel fazenda Mato Grosso, onde serão abordadas questões como: o cenário nacional e mundial; os impactos das mudanças climáticas na agricultura; as emissões de metano pela pecuária e suas oportunidades; monitoramento de emissões de carbono; alternativas para a intensificação da produção agropecuária; desmatamento evitado; políticas públicas de incentivo à conservação pela agricultura familiar; e propostas de REDD - Redução das Emissões do Desmatamento e da Degradação, para Mato Grosso.

O encontro vai servir para subsidiar a política do Estado do Mato Grosso, bem como para marcar o início da participação popular no Fórum Estadual de Mudanças Climáticas, a ser lançado futuramente.

– Este diálogo é relevante por ampliar a transparência na construção dos instrumentos de gestão ambiental compartilhada. Será uma oportunidade única para que os parceiros da sociedade civil organizada discutam suas responsabilidades, avanços e metas a serem alcançadas. Tentamos antecipar as medidas para este cenário no estado mobilizando a sociedade para trabalhar junto com o governo – diz Luiz Henrique Daldegan, secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso.

Para tratar destes temas com os grupos de trabalho, o evento irá contar com a presença de profissionais atuantes nos cenários regional, nacional e internacional. Estão entre eles o pesquisador Antonio Manzi, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa); Giampaolo Pellegrino, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, na unidade Embrapa Informática Agropecuária, que vai apresentar o estudo recentemente lançado avaliando os impactos na agricultura; e Magda Lima, que pesquisa na Embrapa as emissões de metano causadas pela pecuária.

– As mudanças no clima trazem riscos econômicos para o agronegócio em Mato Grosso, principalmente se o desmatamento continuar. Mas também existem oportunidades para termos desenvolvimento com valorização da floresta. O objetivo deste seminário é reunir atores sociais para definir estratégias conjuntas de mitigação dos impactos das mudanças climáticas e para aproveitar essas oportunidades – conclui Sérgio Guimarães, coordenador do ICV.

Especial para jornalistas

No dia 8, noite anterior ao encontro, o jornalista Marcelo Leite conversa com os profissionais da imprensa local e estudantes de comunicação sobre a abordagem dos temas relacionados às mudanças climáticas na mídia nacional e internacional.

Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp, Marcelo Leite é colaborador do caderno Mais! do jornal Folha de S.Paulo, responsável pelo blog Ciência em Dia e autor de livros como: "Os alimentos transgênicos" (2000), "A floresta amazônica" (2001) e "O DNA" (2003), todos pela série "Folha Explica". De acordo com Marcelo Leite, a temática das mudanças climáticas é a pauta mais importante do jornalismo científico e ambiental.

– Se os efeitos que se projetam hoje para os próximos 10 ou 20 anos acontecer será o maior assunto jornalístico de maneira geral, mas também um dos mais difíceis de cobrir por duas razões. Primeiro, pela parte cientifica, pois é muito difícil prever o que vai acontecer com as florestas, os gases e cada um dos seus efeitos no clima. O outro ponto é o aspecto internacional do tema – resume o jornalista.

Segundo Leite, há 20 anos o IPCC está elaborando tratados políticos internacionais e os jornalistas precisam conhecer os documentos, ter a noção histórica para fazer reportagens relevantes e não ficar reproduzindo conceitos e confundindo mais do que explicando o que pode acontecer. Na sua opinião, a discussão nacional é muito mal encaminhada e ainda há falsas dicotomias, como meio ambiente versus desenvolvimento.

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