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Cuidados de sol a sol

O uso de protetor solar diminui a incidência de doenças relacionadas à exposição ao sol


O uso de protetor solar diminui a incidência de doenças relacionadas à exposição ao sol, sendo indispensável o seu uso, principalmente pelos produtores rurais que tem boa parte das atividades suscetíveis a esse fator de risco
 
Plantar a terra e colher exigem longas horas de exposição e o produtor rural desempenha suas atividades ao sol. O chapéu na cabeça pode até ser um dos meios de proteção, mas sozinho não é suficiente e o protetor solar nem sempre é costume. O ideal é a combinação desses dois fatores, mas não é comum. Com a falta de prevenção, os cuidados com a pele precisam ser redobrados para o agricultor Cláudio Gris, que com 76 anos convive há 20 anos com câncer de pele, devido à exposição ao sol.

A pele de cor clara requer muito cuidado, o que não foi comum durante a vida de Gris, que trabalhava na lavoura com arado puxado a boi, enxada e foice e em momento algum usava proteção, o que ocasionou o problema. Com atividades semelhantes, o agricultor Claudionor Dequi, de 55 anos, há 5 anos descobriu que também precisa de tratamento para pele. A prevenção e o combate às doenças associadas à exposição solar do trabalhador rural são tema de um projeto de lei que foi aprovado ainda em 2010, para evitar que casos como o destes agricultores reincidam nas próximas gerações.

Projeto em fase de regulamentação

A lei estadual Nº 13.469, que dispõe sobre a prevenção e o combate às doenças associadas à exposição solar do trabalhador rural, do pescador e do aquicultor, de autoria do deputado Heitor Schuch, foi aprovada na Assembléia Legislativa em 2010 e se encontra em fase de regulamentação pelo governo do Estado. Na fase de regulamentação, o Estado juntamente com as entidades interessadas definem de que forma será feita a distribuição, os critérios utilizados, o produto a ser adquirido, entre outros pontos.

A lei institui o Programa Estadual de Saúde ao Trabalhador Rural e prevê, entre outras medidas, a distribuição de protetor solar aos agricultores familiares. Para agilizar essa etapa e viabilizar a lei, Schuch vem trabalhando para a reabilitação do Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs) para que ele possa produzir protetor solar a custo mais baixo. O Lafergs está há oito anos inoperante, sendo que as instalações foram reformadas recentemente e o local conta com equipamentos modernos, porém, a estrutura que está parada por falta de demanda.

Passado sem cuidados

O efeito da exposição permanente ao sol é cumulativo, ou seja, não tem como reverter, mas nunca é tarde para utilizar os métodos preventivos. De acordo com a dermatologista Giovana Bonella, a pessoa se expõe ao sol ao longo da vida e essa radiação ultravioleta danifica as células da pele, causando um dano celular que vai se manifestar em formas de lesão de pele muito tempo depois.

Segundo Bonella, o conhecimento de usar protetor e medidas de prevenção são recentes e mesmo com todas as campanhas que existem, muitos agricultores não usam. “Hoje atendemos muitos casos de câncer de pele em decorrência do passado. É uma tarefa árdua a gente conscientizar as pessoas da necessidade do uso de protetor, principalmente os homens”, explica a dermatologista.

Antes tarde do que nunca

A indicação do uso do protetor solar é desde a infância. Nos casos de Gris e Dequi não houve prevenção, o que ocasionou os problemas, no entanto o uso também é indicado para o caso deles. “O protetor solar é não só proteção, mas é também prevenção”, explica Bonella. As objeções ao uso de protetor solar se dão principalmente pelo custo e textura. “A textura evoluiu bastante, temos várias opções: fluído, gel, gel creme ou loção, mas ainda o grande empecilho é o custo”, destaca a dermatologista.
 
Os protetores solares devem ser utilizados no mínimo 30 minutos antes da exposição solar e devem ser reaplicados a cada 4h. A recomendação de Bonella aos trabalhadores rurais e agricultores é que quando levantam de manhã, sem interessar o tempo lá fora, apliquem o protetor solar. É necessário fazer a reaplicação ao meio-dia e quando houver horário de verão, fazer uma reaplicação na meia tarde. “Se as pessoas fizerem isso rotineiramente, estarão dando um grande passo para proteção e prevenção de câncer de pele”, enfatiza ela.

Prevenir é melhor que remediar e se os cuidados não foram suficientes, o tratamento precisa ser eficiente. No caso de Gris foram três tentativas com cremes e pomadas, que são passados na pele diariamente. O frescor da manhã permite o agricultor desempenhar suas atividades, mas o calor do meio-dia e tarde, principalmente no verão, causa a sensação de queima em Gris. De acordo com Bonella o tratamento para cada caso é muito específico, dependendo a intensidade do problema. Para alguns pacientes o indicado é o tratamento cirúrgico, mas no caso de Dequi, a terapia fotodinâmica, um tipo de tratamento de libera da cirurgia está sendo o utilizado.

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