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Cultivo de café sombreado no ES reduz mato na lavoura em até 40%

A pesquisa busca fazer uma análise fitotécnica



O cultivo do café com árvores (florestais, frutíferas etc.), popularmente conhecido como café sombreado, tem sido alvo de pesquisa desenvolvida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Entre os resultados preliminares já identificados, destacam-se a otimização de área e recursos, redução de mato na lavoura e bom desempenho do café em sistemas consorciados no período de seca.

Segundo o pesquisador do Incaper João Araújo, responsável pelo projeto das “Unidades de Observação (UO) para o acompanhamento da produção de Café Conilon cultivado em sistemas agroflorestais”, vários objetivos econômicos e ambientais podem ser alcançados por meio do sombreamento do café. “Ocorre a diminuição da intensidade de luz e a melhoria do microclima na lavoura. Duas culturas inseridas na mesma área otimizam espaço, irrigação, adubação e mão-de-obra. Além disso, o trabalho do agricultor em uma área sombreada é mais agradável do que a pleno sol”, explicou João.

O Incaper implantou duas Unidades de Observação (UO) de Sistemas Agroflorestais (SAF) com cafeeiro conilon na Fazenda Experimental de Bananal do Norte, em Pacotuba, Cachoeiro do Itapemirim, e na Fazenda Experimental de Jucuruaba, em Viana. Em Pacotuba, foram feitas quatro associações: com ingá, bananeira, gliricídia e pupunha. Em Jucuruaba, o consórcio foi feito com banana e espécies nativas.

“Cada uma dessas espécies consorciadas com o café possuem finalidades diferentes. A principal finalidade do ingá e da gliricídia é a produção e ciclagem de matéria orgânica. Trata-se de plantas fixadoras de nitrogênio, que trazem economia no fornecimento desse adubo. Já o consórcio com a bananeira e com a pupunha foi feito por se tratarem de duas culturas comerciais, que na soma com o café, podem gerar mais renda”, explicou João.

A pesquisa busca fazer uma análise fitotécnica, aferindo, por exemplo, a quantidade de café, banana e pupunha produzidos e a ciclagem de nutrientes. Também pretende fazer uma análise econômica, observando o que se gasta em cada sistema com água, mão-de-obra e adubo. Por fim, busca incluir a visão dos agricultores na avaliação dos sistemas agroflorestais.

“Os agricultores percorrem a área e fazem uma avaliação dos sistemas de acordo com a metodologia estabelecida por um grupo de extensionistas, em conjunto com a Escola Família e Caufes. A cada seis meses é feita uma nova avaliação. Trata-se de uma dinâmica positiva para todos os envolvidos", explicou João.

Em termos de resultados, averiguou-se que nos sistemas agroflorestais consorciados, a quantidade de mato reduz de 20 a 40% em relação ao café a pleno sol. Em relação à produtividade do cafeeiro, em duas colheitas, o sistema do café consorciado com a bananeira foi o único que produziu menos que café solteiro. “A bananeira produziu de 5% a 10% menos que o café solteiro, mas a renda obtida com a produção de banana compensa. Situação semelhante ocorre com a pupunha. Nos demais sistemas, o café produziu mais que a pleno sol. O sistema sombreado foi menos atingido que nos períodos de seca.

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