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Cultivo de Panc aumenta a diversidade e renda

As Panc são tão o mais nutritivas que as plantas convencionais


Foto: Pixabay

Confundidas com ervas daninhas ou matinhos que crescem espontaneamente em quintais, as Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) têm se mostrado uma alternativa para resgatar hábitos alimentares tradicionais, combater a fome em comunidades pobres e diversificar a renda dos agricultores familiares catarinenses. Essas espécies são tão o mais nutritivas que as convencionais, mas com algumas vantagens: são adaptadas ao clima, têm elevada eficiência na absorção de nutrientes, baixa necessidade hídrica e baixa exigência de solo, o que diminui o custo de produção.

A nutricionista Cristina Ramos Callegari, extensionista da Epagri em Florianópolis, comenta que essas plantas já fizeram parte da alimentação de gerações antigas, mas o cosumo foi diminuindo por conta praticidade dos alimentos industrializados. “A diminuição do consumo dessas espécies não reduz apenas a biodiversidade, como também a diversidade cultural, pois se abandonam saberes tradicionais associados ao consumo de plantas de ocorrência local ou regional”. Ela explica que também são consideradas Panc cascas, folhas, raízes e outras partes aparentemente inservíveis de legumes, tubérculos e frutas, ou ainda pétalas coloridas de flores e sementes de árvores.

A boa notícia é que o interesse pelas Panc está aumentando cada vez mais e a presença delas na mesa do brasileiro veio para ficar. O consumo é amparado por uma série de pesquisas científicas que indicam não só a segurança do uso, mas também suas propriedades nutricionais e de compostos bioativos presentes. Mas antes de levá-las para a cozinha, é preciso saber identificá-las, conhecer as partes comestíveis e a forma de preparo indicada para o consumo. “Algumas só podem ser consumidas após o cozimento, que é fundamental para eliminar substâncias tóxicas para o organismo”, alerta Cristina.

A Epagri oferece cursos sobre Panc para famílias rurais e pesqueiras

A Epagri trabalha em todo o Estado para orientar sobre a identificação, o cultivo e o consumo das Panc. O objetivo é promover a saúde e a segurança alimentar de famílias rurais e pesqueiras, além de mostrar a possibilidade de cultivar essas espécies e diversificar a renda. Cursos têm sido ministrados em diferentes municípios para capacitar as famílias a identificar essas plantas e como prepará-las. No Oeste Catarinense há, inclusive, um forte trabalho com indígenas para o resgate e a trocas de sementes entre as comunidades. Em 2017, a Empresa lançou um boletim didático que ajuda a identificar 13 espécies, informa sobre propriedades nutricionais e medicinais, ensina a cultivar, como usar e dá receitas.

Unidade de Referência Técnica

Em Florianópolis, uma Unidade de Referência Técnica (URT) para o cultivo de Panc foi implantada com 3 mil metros quadrados no Centro de Treinamento da Epagri sob coordenação de Cristina e assistência técnica do engenheiro-agrônomo Altamiro Morais Matos Filho. A ideia é que as mudas sejam reproduzidas e a URT sirva para ampliar o conhecimento dos agricultores sobre as Panc, por meio de capacitações. Atualmente a URT conta com 50 espécies.

A maior parte delas foi trazida da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (Epagri/EEI), que é referência em pesquisa com plantas bioativas e nutracêuticas, ou seja, aquelas que têm propriedades terapêuticas. “Elas podem ser comercializadas in natura, como também processadas em forma de geleias, pães, farinha, entre outros, e incrementar o turismo rural e gastronômico”, diz a extensionista Cristina.

Algumas Panc presentes na URT de Florianópolis

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