Exportação de arroz ganha força diante de oferta elevada
O mercado interno não tem condições de absorver tamanha oferta
O mercado interno não tem condições de absorver tamanha oferta - Foto: José Luis da Silva Nunes
A safra de arroz no Rio Grande do Sul avança em um ambiente de oferta elevada e necessidade crescente de alívio no mercado interno. As avaliações de Sergio Cardoso, diretor de operações na Itaobi Representações, apontam que a colheita 2024/25 encerrou com 927.885 hectares semeados, volume próximo da intenção inicial, apesar das dificuldades de recuperação das áreas atingidas pelas enchentes. Na temporada atual, o estado soma 849.111 hectares plantados, o equivalente a cerca de 92 por cento do previsto. Mesmo com a redução, o setor convive com estoques altos em todo o Mercosul, ampliando a disponibilidade de arroz no curto prazo.
A combinação entre oferta robusta, demanda doméstica estável e custo financeiro elevado aumenta a pressão sobre indústrias e operadores, que precisam girar capital rapidamente e não conseguem carregar estoques por longos períodos. Nesse contexto, a exportação passa de alternativa a necessidade. O setor precisará de um esforço conjunto para acelerar o embarque de volumes expressivos ainda no primeiro semestre, envolvendo produtores, indústrias, corretores, operadores portuários e tradings.
O mercado interno não tem condições de absorver tamanha oferta em pouco tempo. Sem avanço das vendas externas, o ajuste de preços tende a ser lento e as margens permanecem comprimidas. A saída mais rápida de produto pode reorganizar o mercado, aliviar a pressão financeira e criar um ambiente mais previsível para toda a cadeia. O processo exige logística eficiente, crédito adequado, negociação internacional e um câmbio favorável. Quanto antes essa mobilização ocorrer, maiores as chances de o mercado doméstico responder com a velocidade necessária.
