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Custeio agrícola recuou 75% em São Gabriel do Oeste (MS)

Neste ano, a previsão de liberação de créditos pelo BB era de R$ 12 milhões, mas o banco deve emprestar apenas R$ 3 milhões


A agência do Banco do Brasil em São Gabriel do Oeste (MS) é prova dos reflexos negativos causados pela retração na agricultura. Neste ano, a previsão de liberação de créditos aos agricultores do município para investimentos – como a compra de maquinários – era de R$ 12 milhões, mas o banco deve emprestar apenas R$ 3 milhões até o final de dezembro. A informação é do gerente da agência, João Batista Medeiros, que confirmou ao Correio do Estado as dificuldades enfrentadas por muitos produtores da região. "A situação é visível no município. Todo o comércio sente o impacto da retração econômica. Nas lojas, os índices de inadimplência são altos e as revendas de maquinários e insumos quase não comercializam nada", disse.

João Medeiros conta que a procura por créditos também caiu acompanhando a redução da área plantada e as dificuldades dos produtores. Segundo ele, os agricultores não estão investindo em novos equipamentos. "O banco tem sido parceiro desses produtores de São Gabriel do Oeste, renegociando dívidas e flexibilizando (no que pode) para atender a todos os agricultores diante da crise; no entanto, alguns tiveram problemas em obter os créditos, uma vez que o endividamento reduz o acesso aos créditos para custeio da safra", explicou.

Na prática, os produtores endividados, que não possuem recursos para compra de sementes e adubos para o plantio da safra, ficam também impedidos de acessar os créditos oficiais, via Banco do Brasil, devido às dívidas ou pela falta de garantias solicitadas.

Por outro lado, o gerente do Banco do Brasil ressalta que os agricultores de São Gabriel do Oeste, de maneira geral, têm se esforçado para se manter adimplentes junto ao banco, apesar das frustrações das últimas safras. João Medeiros conta que dos 260 produtores que financiaram o custeio das safras passadas, cerca de 95% renegociaram as dívidas de custeio como forma de adiar os pagamentos e manter o direito de acessar os empréstimos oficiais, importantes para o plantio das lavouras.

Com baixos índices de negatividade, quase 70% dos produtores de São Gabriel do Oeste já negociaram os créditos para custeio desta safra. Ainda assim, a liberação de recursos de custeio, neste ano, deve totalizar R$ 30 milhões no município, enquanto no ano passado foram liberados R$ 40 milhões. A redução do valor é sinalização, segundo o gerente, das dificuldades que muitos estão enfrentando ao plantar e reflete a redução da área plantada no município.

Em relação ao cenário da agricultura, o gerente diz acreditar que "a situação não pode ficar pior". Neste sentido, ele ressalta que muitos municípios do Estado vão sofrer com a quebra da safra nos próximos anos, se em breve não houver alterações, no mercado da soja, que devolvam a viabilidade da atividade. Como reflexo da inviabilidade do segmento, João Medeiros disse que muitos sojicultores estão migrando para outras culturas, como o plantio de eucalipto, pastagens ou até se incorporando à pecuária de corte. Tudo isso "para fugir da soja", completou.

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