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Custo alto faz produtor desovar aves

Sem liquidez, granjas ofertam frango, derrubando as cotações em pleno dezembro


Os custos de produção mais altos de frango e o acúmulo dos prejuízos no ano estão fazendo as granjas desovarem animais, reduzindo as margens do setor. Apesar de a produção em dezembro ser menor que a do mesmo período do ano passado, as cotações das aves estão em queda. Em dezembro, o preço médio do frango vivo caiu 14,1% em relação a novembro, mesmo com oferta menor. Diante deste quadro, algumas granjas já acenam com a diminuição do alojamento de animais no primeiro trimestre de 2007.

"As granjas estão sem liquidez", afirma Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. Ele acredita que muitos criadores estão vendendo para pagar compromissos, uma vez que o ano foi difícil para o setor, com preços baixos - em março a cotação do frango vivo chegou ao seu menor patamar, a R$ 0,87 o quilo.

"As empresas estão afogadas, precisam fazer caixa", diz o diretor-superintendente da Cooperativa Agrícola Mista do Vale do Mogiguaçu (Coperguaçu), Walter Oliveira. Segundo ele, há uma maior oferta de carnes - tanto de frango, mas também de suínos e bovinos - nesta época do ano, provocando uma "disputa" entre as proteínas. Além disso, segundo ele, o custo de produção está mais alto, prejudicando o setor. Oliveira diz que, há um mês, comprava-se milho por R$ 16 a saca, para pagamento em 30 dias. Com a reação do preço do grão no mercado internacional, as cotações internas dispararam. Sua cooperativa está adquirindo milho por R$ 23 a saca e muitos fornecedores têm exigido o pagamento à vista.

O presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), Érico Pozzer, acredita que haverá redução de alojamento de animais em virtude dos custos mais altos. "As pequenas e médias empresas vão reduzir a produção e tentar melhorar os preços", diz.

No Rio Grande do Sul, o milho está sendo comercializado a R$ 19 a saca. Nos cálculos da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), o "razoável" seria R$ 17 a saca. "Os produtores vão ter de administrar os custos e repassar para os preços", avalia Luís Fernando Ross, presidente em exercício da associação.

"O preço do frango está no fundo do poço", avalia o consultor da Safras & Mercado. Segundo ele, diferente de março, quando as cotações caíram, os custos estão mais altos. Em relação à dezembro do ano passado, o preço do milho está 50% mais alto em São Paulo.

Para o analista, o movimento de queda das cotações do frango vivo não deveria ocorrer, já que a disponibilidade interna mensal é 11,8% menor este ano em relação ao mesmo período de 2005. "Só as empresas grandes estão conseguindo suportar", diz Oliveira. Apesar de terem estratégias como contratos futuros, armazenagem e integração, as principais indústrias do setor também avaliam vir a repassar o aumento ao consumidor.

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