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De olho em Nova York, café busca qualidade

Produtores apostam no aumento da qualidade do produto para diminuir o deságio no preço


SÃO PAULO - O café brasileiro tem novo desafio no mercado internacional: melhorar sua qualidade para garantir preços maiores na Bolsa de Nova York. Os produtores brasileiros apostam no aumento da qualidade do produto para diminuir o deságio no preço de nove centavos de dólar por libra-peso, e assim se aproximar da concorrente direta, a Colômbia. Na safra atual, o Brasil produziu cerca de 48,1 milhões toneladas de café. Desse total, somente 15% são classificáveis na bolsa americana informou a Archer Consulting.

O Brasil poderá negociar a entrega do produto físico somente em março de 2013, data posterior ao vencimento do ultimo contrato em vigência, na bolsa. Entretanto, o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Caetano de Carvalho Berlatto não acredita em grandes negociações de imediato.

Isso porque o café brasileiro tem um deságio de nove centavos de dólar por libra-peso ante o preço listado no dia, devido a sua qualidade, enquanto outros países da América Central recebem o valor integral, e a Colômbia, considerada maior concorrente do País, tem ágio de dois centavos de dólar por libra peso. "Todos os cafés têm um ágio e um deságio em relação a bolsa. O café colombiano tem um diferencial positivo. Então ele será entregue por um valor mais alto do que está na bolsa. Esse é o diferencial de qualidade", contou.

Berlatto considerou que a Bolsa de Nova York calcula os valores para entrega do café em seus armazéns certificados conforme a qualidade e a visão mundial do produto. "O café brasileiro terá um deságio muito grande em relação à cotação da bolsa. Isso porque, entre os grãos negociados no mundo, a sua qualidade ainda é pouco difundida", garantiu.

No entanto, o analista da Faemg acredita que esse é o próximo passo do Brasil: fomentar a qualidade do produto e se aproximar da paridade de preço. "Agora que o café brasileiro foi aceito em Nova York, o produtor brasileiro terá que enfrentar uma nova briga, pois esse diferencial está muito alto, e a briga será para reduzir o deságio", comentou Berlatto.

Para Rodrigo Correa da Costa, analista da Archer Consulting nos Estados Unidos, a aceitação do café arábica na Bolsa de Nova York não acarretará mudanças imediatas nas vendas brasileiras, considerando os valores pagos pelo café no mercado físico. "Na verdade, essa entrada em Nova York garante um 'preço mínimo' ao exportador, caso o valor pago pelo café no mercado físico não seja satisfatório. Com os preços do produto hoje, ninguém entregaria o café na bolsa", afirmou.

Costa disse que os estoques mundiais do café de qualidade estão muito baixos, favorecendo a alta dos preços no mercado físico, pagando 10 centavos de dólar por libra-peso acima do valor da cotação do dia. "O brasileiro consegue vender no porto o seu café com 10 centavos de dólar libra-peso a mais que a cotação da bolsa americana. Então, mesmo se ele já pudesse entregar o café aos armazéns da bolsa, ele não o faria, pois perderia além dos nove centavos de dólar por libra-peso do deságio, o custo da entrega também", frisou.

Para que se tenha uma ideia concreta da diferença, os dados de referência do contrato de março de 2011, com os preços por saca de 60 quilos do dia 13 desse mês indicam que, na Colômbia, a saca de 60 quilos seria vendida na Bolsa de Nova York por US$ 290,42, já no mercado físico a mesma saca era comercializada a US$ 327,46. "A Colômbia é o país que possui o maior ágio na Bolsa de Nova York com dois centavos de dólar por libra-peso. No mercado físico existem negociações com 33 centavos de dólar acima do valor de cotação", disse Costa.

No Brasil, a saca de 60 quilos nos mesmos parâmetros da comparação colombiana está cotada na bolsa a US$ 278,87 e no mercado físico por US$ 301 a saca. "No país, chegamos a receber 12 centavos de dólar libra-peso a mais no mercado físico. Então, perder nove centavos de dólar na bolsa não é uma opção válida", garantiu. Costa acredita que mesmo com essa abertura, as primeiras negociações de entrega de café só devem acontecer em 2012. "Ninguém negocia café com tanta antecedência assim. Imaginamos que provavelmente no começo de 2012 veremos um pouco mais de liquidez no contrato de 2013 e eventualmente criando a primeira entrega do Brasil", disse.

Apesar de tantas indefinições sobre essa entrada, Caetano Berlatto destaca como "muito importante" essa entrada do café de qualidade brasileiro na Bolsa de Nova York. "Essa abertura é importante pela aceitação na bolsa norte-americana, que no futuro, caso o mercado físico tenha um deságio e compense essa entrega na bolsa, mesmo com a queda de nove centavos de dólar, o produtor ou exportador tem mais uma opção", finalizou.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento destaca que o Brasil é o único produtor de café arábica em todo o mundo com crescente produção, o que vem garantindo o abastecimento do mercado cafeeiro mundial.

O café brasileiro tem novo desafio no mercado internacional: melhorar sua qualidade para garantir preços maiores na Bolsa de Nova York. Os produtores brasileiros apostam no aumento da qualidade do produto para diminuir o deságio no preço, de nove centavos de dólar por libra-peso, e assim se aproximar da sua concorrente direta, a Colômbia. Na safra atual, o Brasil produziu cerca de 48,1 milhões de toneladas de café. Deste total, somente 15% são classificáveis na bolsa americana, informou a Archer Consulting.

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