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Demanda de cafés cresce no Brasil junto com a qualidade dos produtos

“Os consumidores brasileiros estão mais exigentes com relação à qualidade”, destaca a análise da Abic


“A procura por café segue em plena expansão, acompanhando uma tendência que se observa em âmbito global”, registra a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), em sua avaliação sobre o consumo doméstico em 2018 no Brasil, o segundo maior consumidor mundial. Os números levantados pela entidade indicam que a demanda interna geral do produto cresceu 4,8% e o consumo per capita, 3,6%, índice semelhante ao que está previsto na totalidade para os próximos anos (3,5%). O percentual eleva-se quando se trata de produtos superiores, onde o País avança com vigor, para corresponder ao gosto dos consumidores.

O levantamento deste ano exclui canais “não cadastrados”, como fazendas, cafeterias e informais, ficando nas empresas associadas, não associadas e de café solúvel, onde se apurou volume de 21 milhões de sacas (se ainda fosse incluído o restante, chegaria próximo a 23 milhões de sacas). No País, existe registro de 1.393 empresas do setor e entre as associadas à Abic (405) foi levantado crescimento maior (7%). Nathan Herszkowicz, diretor executivo da associação, disse que em 25 anos não observara avanço tão expressivo, mesmo com volatilidade nos preços. Na sua avaliação, o produto representa opção para o consumidor que procura qualidade e paga por ela, “ainda assim mais barata do que outras bebidas”.

“Os consumidores brasileiros estão mais exigentes com relação à qualidade”, destaca a análise da Abic. Isso seria “resultado de maior conhecimento sobre cafés, suas características, suas diferenças por formas de preparo, dos diferentes terroirs, das regiões produtoras diversas e de muita divulgação dos resultados de concursos de qualidade com recordes de valores pagos aos produtores vencedores”. Além disso, seria fruto “também do conhecimento dos benefícios do café para saúde humana, com a divulgação de efeitos positivos na prevenção de diabetes, problemas cardiovasculares, Parkinson e combate aos radicais livres, entre outros”.

Tudo isso explicaria o maior interesse dos consumidores por cafés gourmet e superiores de alta qualidade e maior valor agregado, atingindo em 2018 preços médios de até R$ 56,45 por quilo de café certificado como gourmet pela Abic. O Programa de Qualidade do Café (PQC) da entidade, existente desde 2004, tem 954 marcas certificadas, com selo que garante ao consumidor os tipos extra forte, tradicional, superior ou gourmet. Conforme dados do Sindicato da Indústria de Café de São Paulo (Sindicafé-SP), a participação dos cafés tradicionais passou de 91% para 81% entre 2016 a 2019, e a dos superiores e gourmets, de 9% para 19%.

CRESCIMENTO CONTÍNUO

Para os próximos anos, até 2021, a previsão de crescimento de consumo no varejo e foodservice é de 3,5% anuais, segundo a Abic. Cafés tradicionais e extra forte continuarão sendo “o grande consumo e ganharão mais qualidade em função das safras boas no ciclo 2017/18 e no período 2018/19, além do maior cuidado industrial”, enquanto “cafés de alta qualidade devem ganhar espaço na preferência de grupos de consumidores que valorizam sabor e aroma diferenciados”.

Na segmentação entre café em pó, grão torrado e em cápsulas, tendência de mercado pesquisada no setor pela Euromonitor, entre 2017 e 2021, demonstra incrementos respectivos de 3,3%, 4,3% e 9% no País. Com isso, a participação do produto em pó, a principal, cairia de 81% para 80%, a de torrado aumentaria de 18% para 19% e a de cápsulas, de 0,9% para 1,1%, “trazendo uma mudança de hábitos dos consumidores, que veem na praticidade e na variedade de sabores as características adequadas para uso no lar, nos escritórios, em pequenos comércios, lojas e outros estabelecimentos onde antes não havia serviço de café”. O consumo fora do lar vem aumentando e já atingiu 34%.

O café torrado e moído no Brasil é destinado basicamente para o provimento do mercado interno, com pequenos volumes exportados (apenas o equivalente a 17,6 mil sacos em 2018). No entanto, existe alguma perspectiva de que possa aumentar mais a venda externa, um desafio presente no setor. Para tanto, segundo manifestações recentes ouvidas na área, poderão contribuir investimentos em fábricas que, a exemplo do que ocorre com a Nestlé e a Três Corações, estão sendo realizados por empresas no País.
 

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