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Demanda fraca e colheita derrubam os preços do trigo

No PR e RS, respectivamente primeiro e segundo maiores produtores do país, as cotações estão em média 20% abaixo


O avanço da colheita de trigo no Sul do país e a demanda fraca por parte dos moinhos brasileiros estão pressionando os preços do cereal no mercado interno. No Paraná e Rio Grande do Sul, respectivamente primeiro e segundo maiores produtores do país, as cotações estão em média 20% abaixo em relação ao mesmo período de 2007.

O país deverá colher cerca de 5,7 milhões de toneladas de trigo nesta safra, a 2008/09, segundo o levantamento da consultoria Safras&Mercado. Se confirmadas as estimativas, será um crescimento de 43,5% em relação ao ciclo passado. A estimativa anterior da Safras apontava uma colheita de 5,4 milhões de toneladas. As exportações devem ficar em 800 mil toneladas, alta de 25% sobre a safra passada.

"As regiões norte e oeste do Paraná praticamente finalizaram a colheita. Há trabalhos em curso no sudoeste e centro-sul do Estado. No Rio Grande do Sul, a colheita ainda é incipiente", afirmou Élcio Bento, analista de trigo da Safras.

No Paraná, há negócios sendo fechados entre R$ 490 e R$ 505 a tonelada do trigo em grão, uma queda entre 21% e 22% sobre igual período do ano passado. No Rio Grande do Sul, há vendas entre R$ 460 e R$ 470, com baixa de 15% sobre o mesmo período do ano passado. "No ano passado, o cenário global era totalmente diferente, com uma oferta apertada e demanda aquecida", disse Bento.

Analistas ouvidos pelo Valor acreditam que haverá recuperação dos preços somente a partir do segundo trimestre de 2009, durante o pico de entressafra de trigo no país. Neste momento, os moinhos nacionais estão abastecidos por conta das importações de trigo dos Estados Unidos e da Argentina. O governo federal também tem realizado leilões de opção de venda para apoiar a comercialização no país.

O cenário global atual para o trigo indica uma produção mundial de 676 milhões de toneladas, 10,8% maior em relação ao ciclo 2007/08. A demanda está firme, saltando de 619 milhões de toneladas para 655 milhões de toneladas, um aumento de 5,8%. "Há forte procura por trigo para ração animal", disse Bento.

Apesar dos fundamentos baixistas, com os estoques globais maiores, as cotações firmes da soja e do milho têm ajudado a sustentar os preços do trigo no mercado internacional. Na sexta-feira, os contratos do trigo para março fecharam a US$ 7,6575 o bushel, recuo de 19,50 centavos na bolsa de Kansas. Em Chicago, os contratos para março encerraram a US$ 7,37 o bushel, elevação de 19,50.

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