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Demanda por etanol deixa usinas à espera de equipamentos

Novos empreendimentos aguardam até dois anos por equipamentos de base


O aumento da demanda mundial por etanol movimenta não só a indústria sucroalcooleira, mas também a de base. Na Dedini S.A., que responde por cerca de 50% do fornecimento de máquinas e equipamento para destilarias no Brasil, o prazo de espera para conclusão de uma planta na chave (usina completa) chega a dois anos. Das 187 consultas que o grupo recebeu para construção de novas fábricas, 10% terão como sede o Estado de Goiás.

Mesmo com a lista de espera, Igor Montenegro Celestino Otto, presidente do Sindicato das Indústrias de Álcool de Goiás, afirma que a indústria brasileira tem condições de atender satisfatoriamente à expansão do setor. A informação é confirmada pela assessoria de imprensa da Dedini. O grupo, que registrou receita de R$ 1 bilhão no ano passado, trabalha hoje com 70% da capacidade de produção preenchida e já cogita a possibilidade de abrir um terceiro turno de trabalho caso a demanda cresça.

Um dos pontos fortes da Dedini S.A. é o contrato para a entrega na chave. Nessa modalidade, a empresa é responsável pela entrega da destilaria montada. Assim, informa que o prazo de até 24 meses para conclusão de uma usina é razoável. Igor ressalta que a espera é maior para a aquisição de todo o projeto chave na mão.

Igor argumenta que em outros fornecedores de equipamentos, como moendas e caldeiras, situados no interior de São Paulo, é possível comprar maquinários avulsos com prazo de entrega menor. Em Goiás, a empresa John Deere, instalada em Catalão, também teve a demanda por colheitadeira de cana elevada em pelo menos 30%. Também há lista de espera. Os produtores fazem os pedidos numa safra para receber o equipamento em outra.

A tendência é que a lista de espera fique a cada dia mais extensa. De acordo com Igor Montenegro, 22 destilarias estão em fase de implantação em Goiás. Elas irão demandar investimentos da ordem de US$ 1,79 bilhão. A expectativa é que quatro delas comecem a funcionar ainda este ano, gerando aproximadamente cinco mil empregos diretos e indiretos. No próximo ano, outras cinco indústrias devem entrar em operação e o restante irá iniciar as atividades entre 2009 e 2010. A partir de então, o segmento vai gerar cerca de US$ 2 bilhões em receita para o Estado.

Dados da União da Indústria da Cana-de-Açúcar revelam que investimentos da ordem de US$ 14,6 bilhões farão o número de usinas saltar de 336 para 409 até o ano de 2013. Dentro de cinco anos a produção de álcool no Brasil deve saltar de 17 bilhões de litros/ano para 30 bilhões. Dentro de três anos, a produção goiana de etanol deve saltar dos atuais 800 milhões de litros para 3,2 bilhões de litros anuais.

De acordo com o secretário Ridoval Chiareloto, um estudo da Universidade de Campinas (Unicamp) mostra que, até 2012, cerca de 150 usinas devem ser implantadas em Goiás. Só da parceria entre a trading japonesa Mitsui e a Petrobras, serão criadas 40 usinas nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins.

Uma usina completa com co-geração de energia elétrica, produção de etanol, açúcar e biodiesel requer investimentos da ordem de R$ 240 milhões. Uma destilaria mais simples, só para fabricação de açúcar e etanol, custa, em média, R$ 180 milhões. Os bancos de investimentos têm manifestado interesse no setor. O WestLB, por exemplo, estrutura cinco operações de compra e construção de usinas no Brasil.

Japão – O presidente do Sifaeg, Igor Montenegro, participa hoje da reunião entre o governo brasileiro e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Ele foi convidado para o encontro pelo presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo. “Creio que será mais um evento político. Não deve ser anunciado nada de concreto”, afirma.

Ele diz que o fortalecimento dos laços entre os dois países é fundamental para a expansão do etanol. “Brasil e EUA fabricam hoje 72% de todo o álcool produzido no mundo”.

Amanhã, Igor Montenegro embarca para o Japão, onde, a convite do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, representará a iniciativa privada brasileira nas rodadas de negociações entre o governo federal, a Petrobras e os japoneses para a tomada de medidas para adicionar o álcool à gasolina. A missão brasileira à Ásia também passará pela Indonésia, onde inicia a divulgação do etanol como combustível.

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